(A crónica de Clara Ferreira Alves na revista
do Expresso de hoje é um libelo corajoso, uma denúncia de incómodo à
consciência de todos nós, um abanão de inércias cavadas pelo egoísmo e desinteresse.
É um texto amargo, sem dúvida, que talvez gostássemos de
contrariar, contrapondo uma visão mais positiva e esperançosa do que nos rodeia
em termos comunicacionais. Talvez. Mas uma análise rigorosa desse contexto
mostra, pelo contrário, que a cronista tem razão e que pisamos terreno movediço
para a democracia.)
O mote da crónica:
“(…) O jornalismo sério está a ser sugado
pelo imediatismo sensacionalista e sentimental das redes. Depois de ter sido o
contraponto democrático do imediatismo sensacionalista e sentimental dos
tabloides.”
Que se preocupem aqueles que viram na postura, beijos e selfies de
Marcelo o antídoto perfeito para a eclosão do populismo em Portugal. Talvez
tenha desempenhado o papel de dique contra essa ameaça, mas ameaça ruir como ruíram
já alguns diques do Mondego perante a força dos caudais não programados.
A crónica de CFA articula brilhantemente as desgraças e desvarios do BREXIT
e o modo como alguma ingenuidade de Maria Flor Pedroso (e o seu “crime” de ser
filha do padrasto de António Costa) e o caudal populista a todo o preço engoliu
uma personagem brilhante do nosso jornalismo.
E, já fora do âmbito do artigo de CFA, recordemos a ameaça que se perfila
por aí de um crescimento do modelo Correio da Manhã e CMTV.
Gostaria que a Clara Ferreira Alves não tivesse razão e que tivesse elementos
para criticar alguma petulância elitista que, por vezes, atravessa algumas das
suas intervenções no Eixo do Mal. Mas não é assim. Vou recordar para memória futura
a sua crónica de hoje, esperando sinceramente que os factos em vida não me
levem a revisitar o libelo.
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