domingo, 22 de dezembro de 2019

NÃO QUERIA QUE A CLARA TIVESSE RAZÃO, MAS …



 (A crónica de Clara Ferreira Alves na revista do Expresso de hoje é um libelo corajoso, uma denúncia de incómodo à consciência de todos nós, um abanão de inércias cavadas pelo egoísmo e desinteresse. É um texto amargo, sem dúvida, que talvez gostássemos de contrariar, contrapondo uma visão mais positiva e esperançosa do que nos rodeia em termos comunicacionais. Talvez. Mas uma análise rigorosa desse contexto mostra, pelo contrário, que a cronista tem razão e que pisamos terreno movediço para a democracia.)

O mote da crónica:

“(…) O jornalismo sério está a ser sugado pelo imediatismo sensacionalista e sentimental das redes. Depois de ter sido o contraponto democrático do imediatismo sensacionalista e sentimental dos tabloides.”

Que se preocupem aqueles que viram na postura, beijos e selfies de Marcelo o antídoto perfeito para a eclosão do populismo em Portugal. Talvez tenha desempenhado o papel de dique contra essa ameaça, mas ameaça ruir como ruíram já alguns diques do Mondego perante a força dos caudais não programados.

A crónica de CFA articula brilhantemente as desgraças e desvarios do BREXIT e o modo como alguma ingenuidade de Maria Flor Pedroso (e o seu “crime” de ser filha do padrasto de António Costa) e o caudal populista a todo o preço engoliu uma personagem brilhante do nosso jornalismo.

E, já fora do âmbito do artigo de CFA, recordemos a ameaça que se perfila por aí de um crescimento do modelo Correio da Manhã e CMTV.

Gostaria que a Clara Ferreira Alves não tivesse razão e que tivesse elementos para criticar alguma petulância elitista que, por vezes, atravessa algumas das suas intervenções no Eixo do Mal. Mas não é assim. Vou recordar para memória futura a sua crónica de hoje, esperando sinceramente que os factos em vida não me levem a revisitar o libelo.

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