terça-feira, 28 de outubro de 2025

ABRAÇAR O MUNDO COM AS MÃOS?

Mais uma reação a quente, no caso a uma entrevista a António José Seguro, com chamada de primeira página, no “Público” de hoje. O candidato presidencial, que foi secretário-geral do Partido Socialista e é apoiado oficialmente pelo partido em questão, posiciona-se de um modo estranho quando interrogado sobre se é de esquerda, a saber, “por que me tentam arrumar em gavetas?”, em clara contradição com outro momento da entrevista em que afirma “não troco os meus valores por votos”, não sem explicar em simultâneo que “eu quero ser um Presidente sem amarras”. Neste quadro, a pergunta pertinente corresponde a encarar a diferença que distingue Seguro para os cidadãos eleitores, seja em relação ao Almirante (será apenas uma hostilidade à farda por parte de alguns, visto que em sede de princípios a renúncia de Seguro ao aproveitamento do seu passado político tende a colocar os dois em efetiva igualdade de circunstâncias?) seja em relação a Marques Mendes (será apenas a estatura, visto que em sede de experiência, boa e má sublinhe-se, este levará sempre vantagem?). Ora, e assumindo o excesso de simplificação, se votar Seguro decorre de ele não ser militar de carreira nem um personagem de pequena dimensão física, eu acho que “vou ali e já venho” como diz uma famosa asserção popular – e, como eu, seguramente e para mal de Seguro, uma parte significativa dos portugueses que irão a voto em 18 de janeiro de 2026...

(Henrique Monteiro, http://henricartoon.blogs.sapo.pt)

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