O tropicalismo arrasador da Sinfónica Nacional Juvenil da Venezuela, obra pedagógica
máxima de José António Abreu (cujo discurso de inauguração do Festival pode ser visto aqui), derreteu positivamente a fria e rigorosa audiência
do festival de Salzburgo, sob uma direção entusiástica e feliz de Sir Simon Rattle e está tudo dito. O El País de hoje chama-lhe “Tormenta tropical em Salzburgo” e dedica-lhe três páginas, que são bem a rigorosa dimensão
de um fenómeno pedagógico espantoso que ilustra bem o significado da obra de
José António Abreu. Com uma emocionada presença da neta de Gustav Mahler,
Marina Mahler, o mundo da periferia, do subdesenvolvimento e da pobreza transforma-se
numa espantosa energia coletiva da 1ª Sinfonia de Mahler. Talvez aqueles
espantosos miúdos compreendam melhor a dança do 3º andamento, inspirado nas memórias
de Mahler de um enterro de uma criança e talvez por isso a 1ª por eles tocada e
sabiamente dirigida por Rattle nos reconcilie com a vida e com o que a arte e a
música podem fazer como instrumento de inclusão social.
E, para cúmulo, talvez Dudamel tenha já um sucessor à altura do fulgor
pedagógico do sistema Abreu. Ontem, foi também a estreia de um novo jovem
maestro, Jesús Parra, de 18 anos. 10 minutos de aplausos e daquelas emoções
coletivas que deixam marcas nos afortunados que puderam testemunhar tal evento.
Como gostaria de lá ter estado!
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