Este tema tem estado de novo no centro das atenções da blogosfera económica,
com alguma investigação de suporte a enriquecer esse debate, sobretudo à medida
que nova informação sobre os mercados de trabalho do Reino Unido e dos Estados Unidos da América vai engrossando as séries de referência.
A tese que tem passado é a de uma progressiva dualização da estrutura ocupacional
com dinâmica do topo de qualificações e da base (embora esta com menor dinâmica)
de ocupações de menores qualificações, observando-se entretanto um vazio nas
estruturas intermédias com quedas muito mais pronunciadas de empregos. Várias
explicações têm sido ensaiadas, entre as quais a de que são precisamente as
ocupações intermédias as de mais fácil “outsourcing”
para os países de salários mais baixos.
O artigo do PIERIA sobre esta questão e a partir do qual importámos o gráfico
que abre este post centra-se sobre a situação revelada pelos dados mais recentes do emprego no Reino Unido e parece revelar a emergência de duas nações.
É surpreendente a evolução do número de “gestores” com uma taxa de crescimento
francamente acima do emprego total, enquanto pelo contrário o grupo de
administrativos e pessoal qualificado tem vindo a apresentar uma tendência
marcada de queda. O artigo de Chris Dillow faz referência ao aparente paradoxo
da produtividade apresentar uma clara diminuição do ritmo do seu crescimento e
não coloca fora de hipótese a ocorrência de fenómenos de registo estatístico na
evolução tão pronunciada do número de gestores.
De qualquer modo, esta tendência tem vindo a ser seguida já há algum tempo
pela literatura, o que parece confirmar que estará para além de simples reflexos
de registo ou de classificação estatística. E o que parece mais importante é o
tipo de sociedade que pode resultar desta dualização, uma sociedade
fragmentada, dissociada, sem laços ou interconexões que não sejam as de comando
e de subordinação. E certamente também passará por aqui o tão badalado problema
de perda de relevância das classes médias.
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