De regresso à cidade e ao trabalho, é também tempo de regresso à época
futebolística, não particularmente um tema próprio deste blogue, mas tão só mais
um domínio em que o público e o privado se tocam cada vez mais e com incursões
recíprocas nem sempre saudáveis ou recomendáveis.
Poder-vos-ia dizer que estou com má intuição quanto a mais esta época
futebolística, má intuição do ponto de vista das agruras de um adepto do
glorioso (bons tempos) SLB. Organização é coisa que passa muito ao de leve e a
correr pelos mais recônditos espaços da Luz e quem considera Luís Filipe Vieira
um grande gestor não faz a mínima ideia do que é hoje uma organização
desportiva, inscrita em bolsa através da sua SAD. Os inícios de época para ao lados
da Luz são a antítese dessa organização necessária e esta mais uma vez anuncia
o pior com a primeira jornada da liga à vista e questões cruciais do plantel
ainda por resolver não se entende lá muito bem porquê.
Mas fora essa má intuição, o tema do blogue de hoje é o futebol mas do
ponto de vista da viragem que as transmissões televisivas representam do ponto
de vista de uma mais atividade não transacionável em agonia perfeita.
Chegaram-me às mãos uns números sobre a distribuição de verbas televisivas
entre os clubes espanhóis e a situação em Espanha é de arrepiar. Barcelona
e Real Madrid apresentam um rácio em relação aos clubes com menores receitas
televisivas de 12 para 1. O mercado no seu esplendor corre o risco em Espanha de
falsear totalmente os resultados da liga espanhola, pois imagina-se a
desigualdade de oportunidades que aqueles números tendem a veicular para o
processo desportivo. Não consegui aceder a números consistentes para Portugal não
me sendo possível confirmar se a desigualdade é assim tão pronunciada o que
talvez possa explicar a jogada de risco máximo que o projeto Benfica TV
representa em termos económicos e financeiros. Mas percebi que na liga alemã esse
rácio é de apenas 2 para 1 e que na liga inglesa esse rácio é ainda menor. Ou
seja, o mercado (privado) funciona melhor onde as desigualdades à partida não são
acentuadas e basta assistir às transmissões televisivas do Reino Unido e Alemanha
para perceber o maior equilíbrio de assistências nos estádios.
A fragilidade ibérica do universo do futebol está bem em conformidade com
as fragilidades estruturais de ambas as economias.
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