O ritual da chuva matinal nas praias atlânticas não tem equivalente,
sobretudo o cheiro húmido da terra que se desprende, à medida que o sol temerário
se sobrepõe às nuvens que teimam em pairar sobre o mar e sobre a praia.
É assim, sempre há de ser assim e essa é uma regra de jogo de férias atlânticas,
neste caso galaico-minhotas.
Em contrapartida, a “silly season”
atingiu a própria governação, o seu core, o ministério das Finanças e alguns
ajudantes que brincam aos “briefings”
(tão anglo-saxónico!), mesmo com o primeiro-ministro ausente em férias, atribuladas
de telemóvel, imagina-se.
A novela Joaquim Pais Jorge (JPJ), ex-secretário de Estado do Tesouro, teve
o desfecho anunciado, o que tende a provar que o PS pode continuar de férias
(embora devesse começar a trabalhar na campanha autárquica do Porto, pelo menos
para honrar a participação como número 2 do meu amigo Manuel Correia
Fernandes). Basta estar atento e assistir de bancada às “inconsistências problemáticas” da maioria.
Não estamos apenas na “silly season”.
A “silly people” está na governação e
não de férias, por isso vamos ter matéria que baste.
A carta de demissão de JPJ é um tratado. Tal qual virgem ofendida, o homem
fala da podridão da política, fazendo gala do seu espanto por uma questão
estritamente pessoal perturbar a sua passagem pela governação. É espantoso ou
lamentável como o próprio não se apercebe que faz parte dessa podridão, por não
saber estabelecer limites e diferenças entre o público e privado. Esta gente
perdeu a capacidade de entendimento dos limites da política e atribui-lhe
podridão quando são eles próprios a protagonizá-la. Nunca, por arrastamento, um
ministro (a) das Finanças começou tão fragilizado a sua governação e tudo isto
se passa sem qualquer pronunciamento político nem da ministra, nem do
primeiro-ministro. Sinais trágicos dos tempos.
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