De novo em Seixas com a Galiza à vista, não posso deixar de voltar ao tema
Rajoy, agora que o primeiro-ministro espanhol, hoje talvez já em férias na sua
Galiza natal, passou finalmente pelo embate no parlamento espanhol.
De todas as imagens que me passaram hoje pelos olhos, a mais marcante é uma
em que Rajoy se perfila perante o seu grupo parlamentar e a imagem fala por si.
É como se Rajoy lhes dissesse, vou aguentar, aguentem e não se precipitem. Não
consegui obter cópia dessa imagem para ilustrar esta minha interpretação.
Rajoy aguenta mas permanece fragilizado sobretudo perante o mundo que olha
preocupado para a evolução da situação política espanhola. O argumento central
de Rajoy é que foi imprudente e incrédulo confiando num Barcenas tesoureiro do
seu partido. Avança com a ideia que mal se provou a existência de avultadas
contas do ex-tesoureiro na Suiça deixou de confiar. Mas as trocas de mensagens
de telemóvel destroem esse argumento pois dois dias depois dessa evidência de
evasão fiscal Rajoy responde a um SMS de Barcenas aconselhando coragem e que
aguente.
Rajoy admitiu ainda a existência dos famosos “sobresueldos” (remunerações extraordinárias), as quais terá
declarado fiscalmente, rejeitando por isso a acusação de ocultação de
rendimentos.
Até aqui entende-se a estratégia de defesa. Mas onde Rajoy borra a pintura é
quando invoca a situação de vulnerabilidade internacional de Espanha para
condenar a emergência deste caso e a sua discussão na praça pública. A
neolinguagem da estabilidade começa a ficar insuportável. Indícios de
financiamento partidário oculto, de evasão fiscal, de tráfico de influências e
outras coisas deveriam pelos vistos ser passados para debaixo do tapete para não
perturbar os mercados e o financiamento da economia espanhola. O ar político
começa a ficar irrespirável, contrastando com a leveza da noite e com a serena
humidade dos rios Minho e Coura que me toca levemente o rosto.
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