sexta-feira, 9 de agosto de 2013

RITUAIS DE VERÃO



A Margarida (21 meses) e o Francisco (2 meses) já passaram pela praça de Caminha, sugerindo que talvez uma nova geração possa manter o ritual das férias de verão, sabe-se lá o que a vida e o mercado de trabalho lhes reservam.
Comprar o peixe num mercado algo decrépito mas que nos continua a oferecer robalo, sargo, dourada e rodovalho a preços e qualidade que por essa Europa fora seriam seguramente imbatíveis, cozinhá-lo no tempo “único”de férias, jantar em paz, gozar uma noite de equilíbrio temperatura e ambiente dificilmente replicáveis numas férias galaico-minhotas, tudo isto integra um ritual de férias que espero continuado de geração em geração. Tudo isto faz parte de uma prática que nos vai amarrando à vida e neste contexto ainda tempo e concentração para dedicar algum tempo à monumental biografia de Keynes de autoria de Skidelsky completada pelo mergulho em alguns dos Collected Writings daquele. Mergulho orientado para um período fundamental do mundo ocidental, a primeira metade dos anos 40 e a longa batalha diplomática para a construção de um novo sistema monetário internacional para a recuperação do pós guerra. A batalha das ideias entre Keynes e Harry Dexter White, Reino Unido versus EUA, com a picante revelação para mim, bem documentada na biografia de Skidelsky, de que White teria relações menos claras com a espionagem soviética da época. E a coerência de Keynes de sempre reservar o ónus da resolução dos desequilíbrios aos credores e não aos devedores, nunca perdendo de vista que uma coisa era a punição política e militar de uma Alemanha perdedora outra coisa bem diferente era a imperiosa necessidade de envolver essa mesma Alemanha dotando-a de condições financeiras para a sua recuperação económica. A lucidez é hoje de facto um recurso muito escasso.

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