domingo, 3 de setembro de 2017

ANGELA E OS OUTROS


Três semanas para umas eleições legislativas alemãs que, ao contrário do que chegou a admitir-se entre o primeiro e o segundo trimestre do ano, não irão trazer qualquer sobressalto significativo à chanceler Angela Merkel.

Talvez não apenas por isso, a dita Angela, que já vai na sua enésima faceta política, vem agora afirmar que pretende finalmente mostrar-se na sua verdadeira essência (entrevista acima a um diário da capital) – uma essência que parece ir no sentido de um relançamento da sua imagem nacional e internacional, ao mesmo tempo que de contribuir para um efetivo enfrentamento de desafios centrais da sociedade germânica (envelhecimento e emprego, especialmente), da situação de relativo impasse da construção europeia e da conturbadíssima cena política mundial.


(Klaus Stuttman, http://www.tagesspiegel.de)

Ficando no ar a intrigante questão em torno do que chegou a ser conhecido por “efeito Schulz”, um cometa que desapareceu quase tão rapidamente quanto tinha aparecido, a grande dúvida desta campanha estará apenas em saber qual o partido de segunda linha que melhor consegue passar junto do eleitorado e tornar-se, assim, um mais provável parceiro de uma futura coligação governativa (a “The Economist” especulava há dias sobre a matéria de modo bastante curioso, a partir de dados decorrentes das sondagens atualmente em presença). Porque, de facto, e excluída a “Grande Coligação” como claramente resulta das tomadas públicas de posição dos responsáveis do SPD, não será de todo indiferente uma coligação preto-amarela relativamente a uma coligação preto-verde nem qualquer destas perante uma bastante mais improvável hipótese de acordo à esquerda. As caras principais destes quatro partidos não deixam de ser prometedoras de uma boa disputa, prioritariamente protagonizada por mulheres, jovens e cidadãos de origem imigrante – veremos quem logrará fazer a diferença.



De toda a maneira, que decisões estáveis venham depressa é o que podemos e devemos desejar neste momento em que quase tudo na Europa está parado (“Brexit” e quadro financeiro de médio prazo, designadamente) e em suspenso do veredito das ditas – e que, se possível, este seja de molde a que a senhora Merkel continue a libertar o que nos vai dizendo ter ainda de bom para dar aos seus concidadãos e para nos continuar a surpreender pela positiva...

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