segunda-feira, 18 de setembro de 2017

UM SILÊNCIO ENSURDECEDOR

(Luc-Descheemaeker, http://www.cartoonmovement.com)

António Guterres desdobra-se em pungentes declarações sobre os dramáticos acontecimentos em curso em Myanmar (ex-Birmânia). A verdadeira face da terrível realidade é ainda largamente desconhecida em todos os seus contornos, mas confirmadíssima está a dominância de uma violência brutal na região de Rakhain que já levou cerca de 400 mil pessoas a fugirem para a vizinha Bangladesh, bem assim como os motivos étnicos que a motivam e que começam a apontar para estarmos em presença da figura do genocídio (no caso, o extermínio de uma minoria muçulmana apelidada de Rohingya).

O outro lado da questão é a perplexidade com que a opinião pública internacional se depara quando se sabe que a primeira responsável governamental é alguém que de há muito goza de generalizada simpatia pela luta que travou pela democracia no país e pela prolongada pena de prisão que tal lhe valeu, Aung San Suu Kyi (Prémio Nobel da Paz de 1991 e cognominada “The Lady”). Por estes dias, são inúmeras as críticas avassaladoras que lhe são dirigidas pela grande maioria dos políticos mundiais e dos mais atentos analistas na matéria; alguns há, porém, que procuram pôr alguma água na fervura, designadamente chamando a atenção para a existência de uma untold story (o repressivo enquadramento militar que a cerca e as limitações constitucionais que adicionalmente a inibem). Em suma: uma situação certamente bem mais complexa do que algum simplismo folhetinesco tende a aparentar, mas uma situação que não deixa por isso de se revelar incompreensível ao ser de toda a maneira protagonizada por alguém que detém responsabilidades inalienáveis em termos de valores civilizacionais perante os seus contemporâneos...

(Lai Lone, Naji Benaji, Hassan Bleibel e Sherif Arafa, in http://www.cartoonmovement.com)

Sem comentários:

Enviar um comentário