quinta-feira, 21 de setembro de 2017

AUS DEUTSCHLAND



Contagem decrescente acelerada para as tão longamente aguardadas eleições alemãs. Uma espera cada vez menos ansiosa, já que se parece confirmar claramente a “quarta vida” de Merkel – e já vão quatro convivas franceses no seu bolso, como tão interessantemente ilustra Kak. Confirma-se também, como já aqui sustentei em outra oportunidade, que a verdadeira questão está em saber quem será o terceiro classificado (ou, talvez melhor, como se distribuirão os votos capazes de contribuir para a viabilização de uma coligação governativa estável).


(Klaus Stuttman, http://www.tagesspiegel.de)

Enquanto se aguardam os resultados definitivos, aproveito para aqui deixar duas elucidativas notas que recolhi nestes dias. A primeira, que ganha especial relevância em associação com as perspetivas de subida do partido de extrema-direita (AfD), provém de uma tentativa de três investigadores alemães (liderados por Davide Cantoni da Universidade de Munique) no sentido de explicarem aquele crescimento – o título do seu artigo é, a esse nível, assaz esclarecedor (“The shadow of Nazi voting”). Cito: “Encontramos uma marcante persistência histórica: as municipalidades com altas percentagens de votação no partido Nazi no final da década de 20 e inícios dos anos 30 apresentaram também percentagens de votação mais altas para o AfD nas eleições estaduais de 2016/17. Curiosamente, esta relação apenas aparece depois de 2015 – o momento em que os membros conservadores e anti-imigrantes assumiram a liderança do partido – e não aparece nas eleições federais de 2013, quando o AfD concorreu meramente assente numa plataforma fiscalmente conservadora.” (veja-se abaixo a correlação gráfica).


Em segundo lugar, o gráfico que abre este post é também muito sugestivo ao evidenciar a evolução temporal das preocupações dos cidadãos alemães. Enquanto a imigração irrompeu para o plano dominante nestes últimos quatro anos, as desigualdades sociais vão ganhando um significativo espaço e a questão das pensões é já uma presença estabilizada (o envelhecimento, pois claro). Por outro lado, e enquanto a maior quebra recente se situa no desemprego (em linha com uma conjuntura económica marcadamente positiva), a Europa (que, diga-se, nunca foi preocupação nuclear para os alemães) cai acentuadamente no imaginário tedesco. E quando assim é...

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