(cartoon de Jean Plantu, http://lemonde.fr)
Emmanuel Macron irrompeu na cena política francesa de modo inusitado e bastante improvável. Vindo dos meios financeiros e definindo-se como filiado em cartilhas liberais, aceitou ser ministro da Economia de Hollande, foi desempenhando o lugar, percebeu o vazio que o rodeava e lançou-se às presidenciais. Depois, e neste quadro, foi de vitória retumbante em vitória arrasadora, a ponto de abalar significativamente os alicerces do sistema político-partidário instalado e também, de passagem, de conseguir prestar o enorme serviço público de arrumar com as perigosas pretensões de Marine Le Pen e seus pares.
Era expectável que a hora de dificuldade chegasse a Macron, como está a chegar, mas talvez o não fosse que tal acontecesse tão rapidamente e de modo tão partilhado no seio da sociedade francesa (recordes negativos em termos de sondagens de popularidade e, agora, uma rentrée terrível com centenas de manifestações de rua repudiando os seus primeiros arremedos reformadores, código do trabalho à cabeça). É certo que a França tem a fama e o proveito de ser dominantemente corporativa e irremediavelmente imobilista, mas intuo de leituras variadas e de conversas bem informadas que haverá algo de mais substantivo por trás de uma tão generalizada e firme rejeição do presidente – um estado de alma que está bem patente em duas ilustrações destes dias (ver abaixo), glosando em termos trocistas as recentes visitas de Estado à Grécia e a Saint Martin.
(Eric Laplace – “Placide”, http://www.leplacide.com)
(Manuel Lapert, https://www.facebook.com/dessin2presse)
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