terça-feira, 5 de setembro de 2017

FALEMOS DE NOVO SOBRE A TURQUIA





Erdogan não é flor que se cheire. Todos o sabemos. A autocratização do regime turco é demasiado evidente sob a condução política de Erdogan e com os traços fascizantes que vão emergindo a leste a União já tem problemas de falta de cultura democrática que bastem. Introduzir na União mais um cavalo nesse sentido só por suicídio político poderia ser compreendida.

Mas isso não significa que se possa afastar a questão turca num rodapé de debate. Apesar da suspensão prática dos processos preliminares para uma adesão mesmo que remota, a questão turca estará omnipresente na política externa da União.

Há dois elementos que importa recordar para poder ser compreendido o verdadeiro lio em que a senhora Merkel, com o consentimento de praticamente todo o Conselho Europeu, colocou a política de refugiados, a partir do momento em que selou o acordo com a Turquia, e já nessa altura Erdogan era tudo menos uma virgem arrependida.

O briefing diário que o Financial Times coloca na minha caixa de correio eletrónico sobre as questões de Bruxelas dedica-lhe hoje a atenção devida, com a acutilância que lhe é própria.

O primeiro elemento prende-se com a relevância da Turquia como destino de refugiados, particularmente dos que decorrem da guerra da Síria. A Turquia não está muito longe dos 3,5 milhões de refugiados acolhidos no seu território, o que contrasta com o milhão e trezentos mil acolhidos pela Alemanha. É um número impressionante. A Turquia é um verdadeiro tampão. Não é difícil imaginar as consequências de um rompimento do acordo oportunamente realizado, se projetarmos por exemplo uma espécie de abertura de reservatório.

O segundo elemento é ainda mais surpreendente do ponto de vista sobretudo do posicionamento de Martin Schultz e do SPD.


O SPD é o partido de referência entre os turcos alemães. A última sondagem conhecida permite concluir que o SPD acolhe quase 70% das preferências de voto entre a população turca que pode votar na Alemanha. Neste contexto, vá lá compreender-se a estratégia eleitoral de Schultz.

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