terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

FISGAS E CAJADOS OU ESCOLAS E HOSPITAIS?

(Henrique Monteiro, http://henricartoon.blogs.sapo.pt

O tema da Segurança e Defesa na Europa é inquestionavelmente matéria do maior melindre, ademais em época de expansionismo russo e nacionalismo americano (leia-se Putin e Trump). Dito isto, e não pondo em causa a necessidade de uma reflexão europeia séria (leia-se realista e não comandada pelo marketing político) sobre o tema, a verdade é que as perplexidades que ele suscita continuam a sobrepor-se e, assim, a deixar sem um chão mínimo de racionalidade os cidadãos ainda disponíveis para ouvir e encarar o que se lhes vai dizendo no espaço público. Ilustro duplamente: por um lado, temos a despesa pública em Defesa levada a cabo por Portugal, ainda longe dos 2% prometidos por Costa mas declaradamente alcançáveis (segundo Nuno Melo) a breve trecho, ficando-se por saber se matérias como as atualizações salariais dos nossos militares (e similares) poderão ser em algum caso capazes de contribuírem para uma maior eficácia defensiva do pilar europeu da NATO (ou se, ao invés, não passarão de mera cosmética contabilística de que todos serão cúmplices); por outro lado, temos o regresso de uma discussão em torno das excecionalidades admissíveis em relação à regra do combate aos “défices excessivos” na União (combate de que Rutte sempre foi um fervoroso adepto), com a eventual desconsideração das compras de armamento e mísseis no cálculo dos défices versus a continuada penalização dos gastos dos países em Saúde e Educação a constituírem-se num contrassenso dificilmente compreensível que não por parte da “bolha” burocrática e ortodoxa que configura as decisões europeias. 

(Luís Afonso, “Bartoon”, https://www.publico.pt)

Sem comentários:

Enviar um comentário