Chega fevereiro, neste ano de todos os perigos à solta. Com uma ameaça altamente perturbadora a adensar as nuvens negras que não deixam de afetar o nosso Continente, mesmo que por cá ainda haja muitos que não deem por isso tal é o nível de alienação e aburguesamento em que se foram envolvendo. Diferentemente, porque a questão é mais de marketing pessoal e político do que de qualquer outro e substantivo foro, também em Bruxelas a desconsideração do essencial ganha uma aflitiva expressão sob o comando estrategicamente desfocado de uma Ursula von der Leyen que não parece capaz de mobilizar vontades que permitam à União tentar responder cabalmente aos desafios imensos com que se depara – o nosso velho conhecido Wolfgang Münchau, de passagem por Lisboa, não se inibiu de o explicitar, ainda que em termos subtis, ao referir acertadamente que a alemã e o nosso Costa não passam de meros “peões num jogo maior”; e, quem sabe se por especial influência meridional, o convidado que Marcelo passou a consagrar como conselheiro de Estado honorário (Mario Draghi) lá veio dizer que o “aumento da despesa com Defesa não pode pôr em causa o Estado social” (incluindo a Política de Coesão, acrescente-se), dificultando a vida aos “frugais” e “austeritários” que encontram na colocação de Mark Rutte ao comando da NATO a recuperada e agora militarizadora voz que lhes começava a faltar, enquanto a redescoberta e espantosa lucidez dos conselheiros nacionais (quais?) os levava a interrogar o autor do tão celebrado relatório Draghi sobre a existência de condições políticas para o implementar. Na realidade, os caminhos apertam cada vez mais e cada vez menos se veem lideranças capazes de os apontar com a firmeza imprescindível.
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