A “desafiante” questão com que Ventura confessa estar confrontado é um enorme sinal de esperança para quem ainda se preocupa com a sustentabilidade da democracia em Portugal. Com efeito, e num pais que se dizia estar imune aos avanços da extrema-direita (por excesso de brandos costumes ou por uma alegada moderação e sensatez dos portugueses), o “Chega” parecia ter pegado de estaca e estar em vias de ainda conseguir crescer mais, quer em termos de peso eleitoral quer em implantação local, largamente à custa da habilidade política e da descomunal lata do seu chefe de fila, da ajuda de uma comunicação social preguiçosa e sempre à cata de qualquer escandaleira ou declaração capaz de fazer mossa pública e, sobretudo, de um mix de justo descontentamento e brutal iliteracia política afetando a grande maioria do nosso povo. Ora, a verdade é que os denunciados casos de dois militantes do “Chega” – Miguel Arruda (deputado) apanhado a roubar malas e Nuno Pardal (deputado municipal em Lisboa) acusado de prostituição de menores – vieram bulir com a tendência de afirmação do partido, mostrando a quem o quiser ver a assustadora qualidade da sua base de recrutamento e a clara falta de moral com que os seus dirigentes têm vindo a bramir retumbantes proclamações contra os comportamentos corruptivos dos políticos do “sistema” e a sustentar para tal punições exemplares (como a castração química). As sondagens ainda não terão tido tempo de incorporar estes fatores na força que atribuem ao “Chega”, embora tudo indique que isso terá de acontecer a breve trecho – também se assim não for, aí residirá a evidência de mais um elemento demonstrativo de que este país dificilmente terá emenda.
sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025
CHEGA: FINALMENTE EM PLANO INCLINADO?
(Henrique Monteiro, http://henricartoon.blogs.sapo.pt)
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