Um texto de leitura obrigatória no P2 do “Público” de hoje. Onde um dos nossos poucos pensadores que restam discorre sobre a “revolução neofascista” que está em marcha no mundo. Sustentando que a “pura exibição de jactância narcisista cheia de palavras vazias” atribuída ao discurso populista de Donald Trump tem bem mais que se lhe diga – “visa uma subversão radical da democracia”, anunciando “o desejo de impor, aos americanos e ao mundo, uma nova sociedade e uma nova cultura” mas escondendo o seu radicalismo sob a aparência da normalidade” –, Gil retoma uma expressão de Trump para nos apresentar os contornos diabólicos de “uma sociedade de senso comum” em que a inteligência artificial opera como elemento nuclear.
O breve ensaio, de que reproduzo abaixo o respectivo arranque mas que merece ser devidamente lido e ponderado em toda a sua extensão, conclui deste modo meio irónico meio esperançoso: “Os populismos americanos e europeus ainda se servem de farrapos de arcaísmos e de líderes semicarismáticos, mas inclinam-se muito mais para o pragmatismo digital, o que se revela, ao mesmo tempo, nas limitações a que está sujeita a estratégia de dominação absoluta do acaso e do imprevisível. As guerras, as sublevações inorgânicas, a memória coletiva inscrita na Terra, a vida dos animais e das plantas, bem como os flagelos e catástrofes ambientais contrariam a vontade totalitária de controlo de todos os seres vivos (veja-se, por exemplo, a dificuldade de Trump em lidar com os incêndios de Los Angeles e o acidente de aviação de Washington). Seremos salvos pelas alterações climáticas...
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