quarta-feira, 10 de maio de 2017

VER, LER E DERIVADOS


A revista que o “El País” publica aos Domingos é um produto de louvável qualidade e que procuro ler ou folhear com a regularidade possível. Hoje, após um dia pesadote (quem me mandou meter-me no que às tantas já não devia?), passei uns momentos descontraídos na companhia das últimas que tinha por aí à espera.

Deixo duas das minhas preferências de ocasião: acima, a imagem; abaixo, o pensamento. A imagem, poderosa, é a de uma acumulação de milhares de velocípedes desarranjados aguardando reparação numa rua de Beijing – explica a legenda que as mesmas pertencem a uma start-up chinesa de aluguer de bicicletas que opera através de uma aplicação móvel e que já conecta 10 milhões de usuários de 34 cidades do país; quem diria que, apenas vinte anos depois da vitória arrasadora de um capitalismo de Estado selvagem e politicamente musculado, os chineses poderiam ser postos a pensar na retoma da sua tradicional rotina de pedalar e que tal seria uma renovada e promissora fonte de um negócio de significativa rentabilidade?

Quanto ao pensamento, escolhi a intimista entrevista do escritor Ian McEwan. Onde, para além de um “segredo familiar” que o marcou quase traumaticamente (a descoberta de um irmão com 60 anos, fruto de uma relação extraconjugal da mãe e com seis semanas entregue incondicionalmente à adoção), nos fala de literatura e de múltiplos aspetos das suas experiências de vida. E onde sublinha que “nem tudo o que é formoso é verdadeiro” – como aquela frase em que Tolstoi defendia que as famílias infelizes têm cada uma a sua história e que as felizes contam sempre a mesma – ou que “o amor não é sempre uma virtude”, o que o leva a optar pela consequente defesa da imprescindibilidade de um “amor inteligente”.

E por aqui me fico...

(imagem de Agustin Sciammarella, http://elpais.com)

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