terça-feira, 9 de maio de 2017

VALLSTRITE




(Enterrado ele próprio numas primárias socialistas francesas em que foi positivamente colocado de lado e face ao êxito da alternativa Macron, Manuel Valls fez as suas malinhas e está de partida para o movimento político que o novo presidente francês pensa submeter a sufrágio nacional nas próximas legislativas…)

O declínio dos socialistas franceses tem como explicação um conjunto mais vasto de fatores que a minudência Valls. Mas não deixa de ser curioso anotar que Valls contribuiu em muito para a trágica evaporação do PSF, em marcha acelerada para a irrelevância. O seu legado como primeiro-Ministro de Hollande é um caso tão trágico como o desmoronar do Presidente desde os festejos da Bastilha há cinco anos. Pois a personalidade Valls, depois de ter feito tudo ao seu alcance para escaqueirar as expectativas que muitas almas socialistas depositaram na vitória de Hollande (eu próprio não o escondo), não hesita em proclamar que o PS francês está morto e daí está de malinhas na mão e lá foi à procura de um nicho qualquer na preparação de Macron para as legislativas. Ou seja, em linguagem mais vulgar, contribui para matar o bicho e proclama depois que ele está morto.

Entretanto, lá do lado da République en Marche no qual Emmanuel Macro deve ter bem com que se coçar dada a pressão do tempo para uma presença minimamente confortável nas duas Câmaras, ninguém confirma nem desmente. Valls terá querido afirmar-se candidato da nova força política, embora mantenha a vaga esperança de não ser afastado do PS. Confirma que este tem que se superar e na mais “cristalina” coerência com tal posição, que mostra bem como vão as coisas por aquelas bandas. Estamos a imaginar o que tal incoerência significará para os eleitores que estarão convencidos que com socialistas e gaullistas a França está feita.

E a isto foi chegando a social-democracia europeia de tradição histórica socialista.

Imagino que a filinha dos trânsfugas que irão bater à porta do movimento de Macron será longa. Valerá a pena suportar os custos dessas eventuais admissões do ponto de vista da presença minimamente confortável que deve ter nas duas câmaras? A Vallstrite terá hoje poder de fogo em termos eleitorais? Pensaria duas vezes.

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