(Enterrado ele próprio
numas primárias socialistas francesas em que foi positivamente colocado de lado
e face ao êxito da alternativa Macron, Manuel Valls fez as suas malinhas e está de partida para o movimento
político que o novo presidente francês pensa submeter a sufrágio nacional nas
próximas legislativas…)
O declínio dos socialistas franceses tem como explicação um conjunto mais
vasto de fatores que a minudência Valls. Mas não deixa de ser curioso anotar
que Valls contribuiu em muito para a trágica evaporação do PSF, em marcha
acelerada para a irrelevância. O seu legado como primeiro-Ministro de Hollande é
um caso tão trágico como o desmoronar do Presidente desde os festejos da Bastilha
há cinco anos. Pois a personalidade Valls, depois de ter feito tudo ao seu alcance
para escaqueirar as expectativas que muitas almas socialistas depositaram na
vitória de Hollande (eu próprio não o escondo), não hesita em proclamar que o PS francês está morto e daí está de malinhas na mão e lá foi à procura de um
nicho qualquer na preparação de Macron para as legislativas. Ou seja, em
linguagem mais vulgar, contribui para matar o bicho e proclama depois que ele
está morto.
Entretanto, lá do lado da République
en Marche no qual Emmanuel Macro deve ter bem com que se coçar dada a pressão
do tempo para uma presença minimamente confortável nas duas Câmaras, ninguém
confirma nem desmente. Valls terá querido afirmar-se candidato da nova força
política, embora mantenha a vaga esperança de não ser afastado do PS. Confirma que
este tem que se superar e na mais “cristalina” coerência com tal posição, que
mostra bem como vão as coisas por aquelas bandas. Estamos a imaginar o que tal incoerência
significará para os eleitores que estarão convencidos que com socialistas e
gaullistas a França está feita.
E a isto foi chegando a social-democracia europeia de tradição histórica socialista.
Imagino que a filinha dos trânsfugas que irão bater à porta do movimento de
Macron será longa. Valerá a pena suportar os custos dessas eventuais admissões
do ponto de vista da presença minimamente confortável que deve ter nas duas câmaras?
A Vallstrite terá hoje poder de fogo em termos eleitorais? Pensaria duas vezes.
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