Uma das piores coisas do jornalismo dos dias de hoje decorre do modo como muitos profissionais nele envolvidos constroem a seu bel-prazer, e quase sempre por diletantismo (embora às vezes também com laivos de intencionalidade), os factos e as notícias que insistem em criar/inventar (e nem toda a gente tem a inteligência e a arte do Marcelo Rebelo de Sousa que em tempos também a tal se chegou a dedicar!). Lembrei-me disto ao ver a capa do JN deste Sábado e ao obviamente duvidar que uma entrevista concedida por Manuel Pizarro (MP) pudesse ser sintetizada naquele título (“Preferia que as declarações de Ana Catarina Mendes não tivessem sido produzidas”) – não que duvide de que MP preferisse o que alegadamente afirmou ter preferido, i.e., que as declarações e o subsequente cu-de-boi pudessem não ter existido, mas sim que duvido de que esse corresponda ao sentido e à mensagem resultante de uma entrevista manifestamente desejada pelo seu protagonista como apaziguadora e relançadora. Vivemos numa triste época de mal-entendidos desviantes em que pequenos poderes escondidos crescentemente condicionam a ação daqueles que agem com frontalidade e a céu aberto...
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