(Na Voz de Galiciade hoje fala-se sem complexos de cerca de 1 milhão de passageiros galegos a
utilizar o Aeroporto de Sá Carneiro, o que me levou a refletir sobre
equilíbrios da utilização de infraestruturas de alto porte na Euro-região Galiza-Norte
de Portugal)
A VOZ DE GALICIA cuja audição política na região vizinha é relevante assinala
hoje o crescimento do aeroporto de Sá Carneiro e o peso crescente que os passageiros
galegos estão a assumir nesse crescimento, aparentemente sem complexos de
qualquer espécie. Depois de referir a incontornável relevância das low cost,
designadamente da Ryanair, nesse crescimento, o jornal sentencia assim o êxito
do Sá Carneiro: “a inexistência de ingerências
políticas e de disputas localistas na programação de rotas e na expansão da
infraestrutura aérea, assim como o empenhado apoio dos agentes empresariais e
turísticos da Região Norte, com alianças que começam a consolidar-se com o tráfego
de cruzeiros de Leixões, completam as razões para o aumento de utentes que a
direção do aeroporto estima que possa alcançar em 2022 os 16 milhões de
passageiros”.
Esta observação de fora da Região mostra que, salvo qualquer crise ou passo
em falso (como o que Rui Moreira acabou por dar quando criou uma guerra sem
sentido com o alcalde de Vigo, Abel Caballero) de agentes regionais, o
aeroporto de Sá Carneiro cumpre paulatinamente o seu papel de principal infraestrutura
de internacionalização da Região Norte, como o oportunamente identifiquei em alguns
escritos dos anos 90. O aeroporto de Sá Carneiro é indiscutivelmente o aeroporto
do Noroeste Peninsular, sobretudo porque os aeroportos de Vigo, Santiago e Corunha
não se conseguem articular numa estratégia regional concertada contra o efeito
estrela de Madrid. E não é porque Rui Moreira ou Abel Caballero o queiram reforçar
ou contrariar que tal acontecerá. É a dinâmica de mercado, a comodidade dos galegos
em tirar partido de uma fuga confortável à passagem por Madrid e sobretudo a
atitude inteligente da Região que o determinou. Ponto.
Mas como é óbvio, numa Euro-região em que os localismos não vão deixar de
existir terá de haver sempre um equilíbrio de importância relativa em matéria
de grandes infraestruturas e de taxas de utilização das mesmas. Já que em matéria
portuária não se adivinha algo de similar ao observado nas infraestruturas aeroportuárias,
apesar do crescimento de Leixões e da maior destreza da sua comunidade de agentes
portuários, será em meu entender em torno do comboio de alta velocidade que ligará
a Galiza a Madrid que os galegos irão ter o seu fator de equilíbrio. O TGV
galego será inevitavelmente o TGV do Norte na sua ligação a Madrid. Daí a importância
do projeto de modernização total da linha ferroviária entre Porto e Vigo, de
forma a articular o corredor atlântico galego Vigo-Corunha com a ligação em alfa
pendular entre Porto e Lisboa. E não esqueçamos que a ser concretizada essa modernização
isso vai acabar por aumentar a atratividade do próprio aeroporto de Sá Carneiro.
Continuo a ter dúvidas de que uma simples eletrificação e sinalização
modernas da ligação entre Nine e Valença resolva o problema para viabilizar a
circulação de um Alfa pendular que prolongará a sua viagem de Lisboa até Vigo. Em
meu entender e ouvindo alguns especialistas, serão necessárias melhorias infraestruturais,
pequenas intervenções na linha, que não vejo o governo português assumir com clareza.
Não perdi totalmente a esperança de ver da minha varanda de Seixas para o Coura
e para o Minho passar o Alfa Pendular a caminho de Vigo e também de fazer a
partir de Valença a ligação ao TGV para uma escapadela em Madrid.
A Euro-região ficaria infraestruturalmente mais equilibrada com o nosso aeroporto
a ser balanceado com o TGV galego, não deixando de reforçar também a sua
atratividade para contornar o efeito estrela de Madrid. Pode ser futurologia.
Mas a atratividade do Sá Carneiro já não é.
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