O falecimento de Roger Moore (já à beira dos 90 anos) assinala, para mim, mais um significativo registo de fim de época. Tratava-se de um ator britânico mediano – ele próprio disse um dia que “praticamente tudo o que me ofereciam não exigia muito mais do que ter o meu aspecto” – que ganhou especial notoriedade internacional no papel de James Bond, mas foi enquanto Simon Templar e “O Santo”, ao volante daquele seu icónico Volvo P1800, que ocupou e animou muitas Segundas-Feiras à noite da minha já longínqua infância. Fica a memória e o lamento.
Por mera coincidência, desaparecia no mesmo preciso dia daquele desaparecimento uma das marcas que melhor chegaram a parecer simbolizar o sucesso económico do Portugal do fim do século XX. A verdade era afinal bem menos evidente do que isso, quer porque o dito sucesso tinha variados pés de barro, quer porque era enganoso o impacto estruturante ou arrastador dos não transacionáveis, quer porque os chamados grandes grupos económicos nacionais tinham muito mais de instrumentalização do que de efetiva solidez e qualidade de gestão. Fica também a triste memória e o respetivo lamento.
Sem comentários:
Enviar um comentário