quarta-feira, 24 de maio de 2017

O RONALDO DO ECOFIN




(Começo a recear o pior, a loucura parece generalizada, até o vociferador e irrascível Schäuble parece entrar no jogo, mas conhecendo do que a casa nacional gasta um pouco de equilíbrio será recomendado para conduzir o barco)

Uma newsletter chamada Playbook, publicada por um site de coscuvilhice comunitária, POLITICO de sua graça, apresenta-nos o irrascível Wolfgang Schäuble a batizar o ministro das Finanças de Portugal, o circunspecto e estudioso Mário Centeno, que talvez esperasse estar hoje a chefiar o Gabinete de Estudos do Banco de Portugal (nunca entendi a sua não escolha em concurso) e não nestas andanças, como o RONALDO do ECOFIN.

Os mais renitentes como eu a saudar qualquer coisa que venha da referida personalidade ainda duvidarão se a metáfora tem a ver com a espantosa força em campo e sede de golo do nosso Ronaldo ou se não há aqui alguma piada de mau gosto aos eventuais problemas fiscais em Espanha do craque que o seu novo assessor António Lobo Xavier se encarregará de reduzir seguramente à sua mínima expressão, para proteção da sua imagem e salvação desta onda de notoriedade nacional. Mas até o presidente Marcelo se dignou comentar a graçola, afirmando que de uma vez por todas o ministro das Finanças alemão disse alguma coisa de acertado. Este nosso presidente é mais irrequieto do que Ronaldo em campo e essa irrequietude deve cansar estruturalmente personagens calmas suas assessoras como a Maria João Ruela dos olhos doces ou o intelectual profundo Mexia, um dos nossos raros intelectuais profundos, diga-se. Aqui há dias, vi os dois, calmos e descontraídos, numa viagem de Alfa para o Porto, certamente com os telemóveis desligados para escapar por umas horas ao frenesim Marcelo.

Mas a integrando a suposta blague de Schäuble numa reflexão para lá da simples graçola de tablóide, diria que há sinais preocupantes de loucura eufórica neste novo dobrar do Bojador que a coexistência dos dados macroeconómicos do 1º trimestre de 2017 com a saída da situação de défice excessivo tem gerado.

Num país claramente bipolar nas suas representações do êxito e do fracasso, quanto mais controlada for este respirar de alívio melhor. Conhecendo historicamente do que a casa nacional gasta, a euforia se não for controlada dá problema.

E já agora, embora as analogias com Ronaldo já comecem a cansar, dizia-se que o dito era dos que treinava mais relativamente a todos os seus colegas. Talvez seja uma boa inspiração.

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