Andou por aí um debate vazio e sem sentido em torno de a quem devem ser atribuídos mais méritos quanto aos bons resultados macroeconómicos do atual Governo. Na última “Quadratura”, Pacheco Pereira disse o essencial sobre o assunto, o que resumo em três citações complementares.
Primeira. “O Governo, no essencial e em muitos aspetos, seguiu a política do Governo anterior. Ponto. Os socialistas não gostam de ouvir isto mas é verdade. Em muitos aspetos, não fez mudanças que poderiam ser significativas – um dos exemplos é a legislação laboral. Agora – e isso é que incomoda o PSD –, mostrou que era possível, no essencial seguindo muitos aspetos da política do Governo anterior, dar uma folga a determinados grupos sociais e veio com as chamadas reversões. Portanto, mostrou que há uma margem de manobra – e essa margem de manobra sempre existiu – para conduzir uma política baseada nas regras europeias e, ao mesmo tempo, fazer alguma redistribuição de rendimentos.”
Segunda. “Quando o PSD hoje diz ‘a política do Governo é a continuação da nossa política’, ele tem razão em termos substantivos. Mas a partir do momento em que passou um ano a dizer que não era, já não tem. O problema nestas coisas é um problema de coerência. Se o PSD, durante o último ano, tivesse dito ‘esta política, mesmo que a gente não concorde com todas as reversões, no essencial é uma política positiva e nós apoiámo-la porque não há uma rotura em relação às políticas que nós aplicamos antes’, o PSD hoje estava com toda a razão para dizer ‘os resultados que foram adquiridos foram dos dois governos’. A partir do momento em que passou um ano a dizer que aquilo que considerava as reversões era o diabo, e que os resultados não iam aparecer, perdeu toda a razão. Portanto, hoje, quando alguém do PSD vem dizer que o resultado é dos dois governos, não tem razão; não tem razão pela simples razão que passou um ano a dizer que a política do Governo no último ano era a de estragar a do anterior.”
Terceira. “O meu problema não é que o diabo nos bata à porta em qualquer altura, porque pode bater, eu acho que pode bater. O problema é o Passos Coelho desejar que ele venha, é outra coisa – não é tanto que haja razões para dizer que ele pode vir, e pode vir, pode não ser este ano; porque a gente também está a discutir estes dados da economia muito em cima de resultados de dois ou três meses, quer dizer, acho que nestas coisas tem de se ser prudente quer com os resultados negativos quer com os resultados positivos.”
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