segunda-feira, 15 de maio de 2017

SIMPLESMENTE GROTESCO




(À medida que, um após outro, se sucedem elementos estatísticos publicados sobre o comportamento favorável da macroeconomia e o comportamento associado do mercado de trabalho, as reações interpretativas do PSD e do CDS são um hino ao que de mais errático tenho visto em política, revelando, a meu ver, na oposição aquilo que efetivamente os interessava na sua governação alavancada pela TROIKA …)

O processo interpretativo da oposição é grotesco. Enquanto as melhorias eram tímidas e indeterminadas, desconfiavam da sustentabilidade e até se falou de falhanço do modelo económico do novo governo. E o pior estaria para vir. Mas o pior não veio. E quando estas melhorias se transformaram em algo difícil de arrumar para baixo do tapete, corrigiram a trajetória. Afinal os resultados decorreram de mudanças introduzidas pelo governo anterior que estão agora a dar os seus frutos. Poeira, simplesmente poeira. Mas que raio de mudanças produziu o governo anterior que se projetaram nestes resultados do crescimento de 2,8% em termos homólogos para este trimestre e 1% face ao trimestre anterior? E para um verdadeiro hino à imbecilidade interpretativa arriscam-se a dizer que o crescimento ainda seria maior se não o governo atual não tivesse feito as alterações que fez. Mas afinal em que é que ficamos? Estão a ser introduzidas alterações ao que veio de trás e reposições ou não? Mas então em que ficamos? Mas como é que isto é compatível com a ideia de que o resultado de agora decorre do governo anterior. Algo não bate certo nesta argumentação. Desespero, comportamento errático, uma tragédia de posicionamento político.

Seria mais sensato, por exemplo, avançarem com a ideia de que tudo se deve afinal ao comportamento dos agentes privados. Mas mesmo com essa saída pela retaguarda teriam de explicar como é que os mesmos agentes privados estão agora a produzir estes resultados e não os produziram anteriormente. Ou então uma pinga de bom senso recomendaria a invocação do contexto externo. E não poderiam invocar o contributo dos Fundos Estruturais, pois se houve comportamento de impreparação face aos Fundos Estruturais foi o do governo anterior, com a inexperiência de Poiares Maduro a comandar o processo. Nesta matéria, o governo atual parece ter de uma vez por todas apalpado o pulso à máquina de execução do Portugal 2020. Basta isso para reanimar o investimento.

Creio que o Presidente Marcelo lhe deve apetecer atirar ao Tejo esta oposição, refrescando-lhe a moleirinha.

Do lado das hostes do PS e face a este comportamento facilmente desmontável da oposição, o PS das Federações distritais parece apostado em transformar as autárquicas numa dor de cabeça para António Costa. Em Braga, as questiúnculas estão ao rubro, com o “imperador local” Joaquim Barreto a fazer das suas, afinal faz parte da tradição.  

É uma verdadeira blasfémia o que vou dizer, mas com hostes desta natureza a nível regional, é difícil manter as ideias pela descentralização. Dou comigo, frequentemente, a desculpabilizar e a tentar compreender o centralismo. Abrenúncio, renego-te tentação.

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