(Enquanto hoje
ouvia, em jornada profissional, no Laboratório Ibérico Internacional de
Nanotecnologia – INL, em Braga o Presidente da Xunta da Galicia Nuñez Feijóo, um
líder regional com aspirações no PP, dava conta que Rajoy jogou ao ataque apresentando em Bruxelas, nas instâncias
comunitárias, um plano de aprofundamento do Euro, com inspiração Macroniana, o
que me levou a pensar que…)
Pode ser coincidência ou simples convergência
dos astros, como lhe queiram chamar, tanto se me dá. Senão vejamos as ditas
coincidências.
Ponto 1. Macron toma posse e apressa-se a ir a Berlim para se encontrar com a
senhora Merkel, clamando por uma refundação histórica da Europa. Ponto 2.
O efeito de ressurgimento do SPD alemão parece ter-se senão evaporado, pelo
menos arrefecido, a fazer fé na vitória do partido da senhora Merkel na Renânia
do Norte-Vestefália, derrotando uma dinossaura política do SPD, Hannelore Kraft.
Ponto 3.
Em Madrid, o debate das primárias do PSOE, entre Susana Diaz, Patxi López e Pedro
Sánchez evidenciou o que já é óbvio para muita gente, um deserto de ideias em
termos económicos e europeus, com Pedro Sánchez numa gaffe daquelas que exige
interpretação psicanalítica, invocando o líder do PS português e chamando-lhe
António Soares. Finalmente, ponto 4. O PP toma a dianteira apresenta em
Bruxelas às instâncias comunitárias um plano de aprofundamento do Euro, creio
que seguramente sem contactar os vizinhos da economia do Sul. Se o fez, o PS
fechou-se em copas.
Será isto uma convergência de astros?
Não o creio.
A minha interpretação é a de que estamos perante uma jogada de largo
alcance do PPE. Face à anomia social-democrata, designadamente socialista, e
sobretudo face ao significado das eleições em França e das ideias de Macron que
determinaram a vitória sobre a Frente Nacional, parece-me que o PPE está a
tomar a dianteira e aproveitando o momento para liderar qualquer saída pós
eleições alemãs, que provavelmente correrão melhor do que o esperado ao partido
da senhora Merkel.
Jogada aliás nem sequer arriscada dada a passividade socialista e
social-democrata. Tendo perdido o cavalo da barragem às pretensões populistas
(vejam-se os resultados na Holanda e em França), bem pode este quadrante político
achar graça à experiência portuguesa, fazer dela caso de estudo, mas o tempo
escasseia e não há massa crítica. A experiência portuguesa, para além de
confinada, é dificilmente replicável interpretando bem o debate de hoje do PSOE.
E assim nas barbas da social-democracia o PPE toma de novo a dianteira.
O pensamento estruturado está a ser desbaratado. Veja-se o exemplo em França
de Thomas Piketty que apoiou Benoît Hamon, trucidado nas últimas eleições. E
assim vai a esquerda.
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