segunda-feira, 15 de maio de 2017

O EFEITO MACRON EM ESPANHA




(Enquanto hoje ouvia, em jornada profissional, no Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia – INL, em Braga o Presidente da Xunta da Galicia Nuñez Feijóo, um líder regional com aspirações no PP, dava conta que Rajoy jogou ao ataque apresentando em Bruxelas, nas instâncias comunitárias, um plano de aprofundamento do Euro, com inspiração Macroniana, o que me levou a pensar que…)

Pode ser coincidência ou simples convergência dos astros, como lhe queiram chamar, tanto se me dá. Senão vejamos as ditas coincidências.
Ponto 1. Macron toma posse e apressa-se a ir a Berlim para se encontrar com a senhora Merkel, clamando por uma refundação histórica da Europa. Ponto 2. O efeito de ressurgimento do SPD alemão parece ter-se senão evaporado, pelo menos arrefecido, a fazer fé na vitória do partido da senhora Merkel na Renânia do Norte-Vestefália, derrotando uma dinossaura política do SPD, Hannelore Kraft. Ponto 3. Em Madrid, o debate das primárias do PSOE, entre Susana Diaz, Patxi López e Pedro Sánchez evidenciou o que já é óbvio para muita gente, um deserto de ideias em termos económicos e europeus, com Pedro Sánchez numa gaffe daquelas que exige interpretação psicanalítica, invocando o líder do PS português e chamando-lhe António Soares. Finalmente, ponto 4. O PP toma a dianteira apresenta em Bruxelas às instâncias comunitárias um plano de aprofundamento do Euro, creio que seguramente sem contactar os vizinhos da economia do Sul. Se o fez, o PS fechou-se em copas.

Será isto uma convergência de astros?

Não o creio.

A minha interpretação é a de que estamos perante uma jogada de largo alcance do PPE. Face à anomia social-democrata, designadamente socialista, e sobretudo face ao significado das eleições em França e das ideias de Macron que determinaram a vitória sobre a Frente Nacional, parece-me que o PPE está a tomar a dianteira e aproveitando o momento para liderar qualquer saída pós eleições alemãs, que provavelmente correrão melhor do que o esperado ao partido da senhora Merkel.

Jogada aliás nem sequer arriscada dada a passividade socialista e social-democrata. Tendo perdido o cavalo da barragem às pretensões populistas (vejam-se os resultados na Holanda e em França), bem pode este quadrante político achar graça à experiência portuguesa, fazer dela caso de estudo, mas o tempo escasseia e não há massa crítica. A experiência portuguesa, para além de confinada, é dificilmente replicável interpretando bem o debate de hoje do PSOE.

E assim nas barbas da social-democracia o PPE toma de novo a dianteira.

O pensamento estruturado está a ser desbaratado. Veja-se o exemplo em França de Thomas Piketty que apoiou Benoît Hamon, trucidado nas últimas eleições. E assim vai a esquerda.

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