terça-feira, 2 de maio de 2017

COMÉRCIO EXTERNO, TECNOLOGIA E EMPREGOS




(Este é talvez o debate mais intenso e promissor na economia de hoje, com larga influência na disseminação do vírus populista, não admira por isso que os economistas americanos estejam na dianteira do mesmo…)

No post anterior, a propósito dos constrangimentos que se colocam ao movimento sindical, sugeri que os temas do comércio externo e da tecnologia e a sua relação com a destruição de empregos na indústria transformadora estão na crista da onda do debate económico de hoje. Os economistas americanos lideram esse debate, até porque dessa discussão resultam elementos de grande alcance para compreender e combater o populismo até agora algo inconsequente de Donald Trump.

A CUNI – City University of New York (que acolhe presentemente Paul Krugman) organizou por estes dias um debate de grande nível sobre o tema (Trade, Jobs and Inequality) reunindo para o efeito cinco vozes com trabalho muito relevante sobre a difícil tarefa de separar os efeitos do comércio internacional e da tecnologia sobre a destruição de empregos na indústria transformadora.

Sob a moderação de Eduardo Porter, um jornalista do New York Times que tem seguido de perto as evidências de toda esta tendência, reuniram-se:

  • David Autor, o economista com trabalho mais profundo sobre a matéria, estudando abundantemente as questões da polarização no mercado de trabalho (com origem fundamentalmente tecnológica) e os efeitos da revolução económica da China na economia americana);

  • Ann Harrison, uma das investigadoras que mais tem trabalhado o tema da destruição de empregos na indústria transformadora;

  • Brad DeLong com referências sistemáticas nos blogues “Grasping Reality with all tentacles” e “Equitable Growth” à errada perceção que a administração Trump tem a.imentado sobre o tema;

  • Paul Krugman, interessado em  revisitar do ponto de vista da economia internacional a junção dos dois temas.

O trabalho sempre atento de DeLong reproduziu o conteúdo do vídeo streaming do debate (ver link aqui). O resultado é um documento curto de grande alcance e de enorme fundamentação, mostrando como investigação firme e fundamentada pode alimentar o debate público.

Blanko Milanovic, um dos gurus do estudo da desigualdade, reconhece como assistente a grande riqueza do debate e certamente um grande debate. Pelo que li e ouvi vale a pena regressar ao tema em próximos posts (link aqui).

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