segunda-feira, 10 de maio de 2021

HÁ JÁ 40 ANOS!

(Jean Plantu, http://lemonde.fr)

Foi um momento inesquecível aquele do festejo do DIx Mai de 1981 em que François Mitterrand foi eleito Presidente da Quinta República de uma França que tardava em lograr uma experiência de poder à esquerda. Vivi-o em Paris, onde pude participar da enorme manifestação pública de apoio à eleição e, dias depois, na imensa receção popular de rua ao novo presidente que se dirigia ao “Panthéon” no dia da tomada de posse — lembro-me bem de estar no meio da multidão, filho pequeno ao colo,  na esquina do “Boulevard St.Michel” com a “Rue Soufflot” (junto ao “Jardin du Luxembourg”) que desemboca mais acima na “Place do Panthéon” (em pleno “Quartier Latin”, no “Cinquième Arrondissement” em pleno monte de “Sainte Geneviève”). Os dias, meses e anos seguintes foram fervilhantes e muito polémicos e conflituais, com o primeiro governo nomeado a ser rapidamente trucidado por sucessivas reivindicações forçadas por uma sociedade ávida de mudança — o primeiro-ministro Pierre Mauroy duraria pouco mais de três anos, tanto quanto durou a coligação com o Partido Comunista e quanto aguentou a situação económica do país, contando então com ministros como Michel Rocard (Plano e Ordenamento do Território), Jean-Pierre Chevènement (Investigação e Tecnologia), Claude Cheysson (Negócios Estrangeiros), Jacques Delors (Economia e Finanças, com o seu sucessor Laurent Fabius encarregado da área do Orçamento), Jack Lang (Cultura) e Édith Cresson (Agricultura), entre outros (e sendo Pierre Bérégovoy o secretário-geral do Eliseu). E cá andamos, quarenta anos passados, na expectativa de uma décima segunda eleição da mesma Quinta República (ainda que agora, desde o segundo mandato de Jacques Chirac em 2002, circunscrita a um quinquénio e já não aos sete anos iniciais) em que a extrema-direita e a sua líder (Marine Le Pen) possam ainda ser mantidas de fora de qualquer tentação de comando efetivo do poder executivo num grande país europeu como é o caso da França.

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