Conheci o Nuno num tempo em que as suas angústias relativamente à carreira académica a prosseguir o levaram a procurar hipóteses de cursos heterodoxos, como aquele da área da Gestão Internacional numa instituição a que eu estava ligado por via de um cruzamento entre a minha dimensão académica e a minha atividade no Grupo BPA. Rapidamente o Nuno perceberia que tinha asas para maiores voos e assim o foi sucessivamente comprovando com uma licenciatura em Relações Internacionais na Universidade do Minho, um mestrado em Teoria e Ciência Política na UCP e um doutoramento em Ciência Política na Universidade de Chicago. Ele era atualmente professor de Ciência Política e diretor de estudos de Segurança Internacional na Universidade de Yale, acumulando estas funções com uma grande respeitabilidade internacional nas matérias da sua especialidade por via das numerosas obras e artigos que foi publicando, um pouco por toda a parte, em prestigiadas editoras (os seus livros têm a chancela da Cambridge University Press) e revistas científicas e em jornais e revistas generalistas e de divulgação temática. Há muito que não falava com o Nuno, mas ia sabendo dele com regularidade através de uma grande amiga comum, a Maria José, com quem tinha até combinado um encontro a três num próximo futuro. Além disso, o Nuno tinha uma vida pessoal estabilizada e, novo como era (ainda não tinha completado meio século), dois filhos muito novos a quem vai fazer uma falta imensa. Como fará imensa falta à comunidade científica a que tinha acedido por direito próprio, nos Estados Unidos e em Portugal (onde desenvolvia vários projetos paralelos). Sabemos que a vida é muito frequentemente madrasta, a súbita doença que atingiu e acabou por fulminar o Nuno é apenas mais um manifesto exemplo disso mesmo. Confesso a minha profunda tristeza.
sexta-feira, 7 de maio de 2021
NUNO MONTEIRO
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