terça-feira, 4 de maio de 2021

OS NÚMEROS FALAM POR SI

 

(Não me lembro de umas eleições com tamanha simplicidade de interpretação. Os resultados do 4-M em Madrid são cristalinos. O PP populista de Isabel Ayuso arrasa, o PSOE afunda-se, o CIUDADANOS desaparece do mapa, Iglesias retira-se da política e regressa à Universidade, salva-se o movimento de esquerda Más Madrid que ultrapassa em votos o PSOE e o Vox contem-se mas a sua abstenção é necessária para o PP governar a Comunidad de Madrid. Com taxa de participação de 76%, alguém não percebeu?)

A estratégia de enfrentamento e de confronto direto e hostil com o governo de Sánchez, seguida exemplarmente por Ayuso depois de um erro político crasso do Ciudadanos lhe ter aberto o caminho triunfal, rendeu e que resultado teve. O que o PP desenhara para estas eleições, marcar uma viragem na vida política espanhola, foi alcançado em pleno. O governo de Sánchez e a maioria parlamentar que o tem apoiado não refletem já o sentido dominante do voto espanhol, mesmo que sejam as eleições da capital de que estamos a falar. Mónica García do Más Madrid foi a única surpresa decente do 4-M, mostrando que uma candidata competente, tecnicamente fundamentada e com uma grande presença no terreno eleitoral, sem necessidade de grande estrondo mediático pelos piores motivos, consegue ultrapassar em votos um PSOE que havia ganho as eleições de 2019. O que contrasta com a confirmação da sustentada perda de capacidade eleitoral do Unidos-Podemos. Variado e rico material tem Pablo Iglésias à sua disposição para o seu regresso às aulas de ciência política.

Nada será igual a partir de hoje na situação política espanhola. Cá por mim cheira-me a eleições nacionais, mesmo que os euros do Plano de Recuperação e Resiliência comecem a chegar. Afinal, o que espanta é o PSOE ter aguentado tanto tempo com maioria tão instável e volátil.

Matérias interessantes seguem dentro de momentos. E uma delas é o que vale a vitória e sobretudo a figura de Ayuso na reafirmação do PP. Começo a duvidar que um resultado destes e uma presença tão arrebatada na política se quedem pela presidência de uma Comunidad, mesmo que da Capital.

Como previa há dias, a centralidade de Madrid é reposta na vida política espanhola. As Comunidades Autónomas e os regionalistas nacionalistas e independentistas têm agora um cenário político a curto-médio prazo em rápida mutação. Estou curioso quanto aos passos que vão seguir-se.

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