Foram hoje divulgadas pelo INE os dados relativos ao comércio externo português de dezembro de 2022, assim permitindo aos analistas uma perceção mais completa do que foi o ano transato na dimensão das trocas internacionais. Dei uma primeira vista de olhos ao conjunto da informação disponibilizada, que é realmente muito relevante ― na realidade, tem-se aplaudido pouco ou nada o meritório e crescentemente eficaz trabalho que é levado a cabo no nosso Instituto Nacional de Estatística! ―, mas decidi não me contentar com os comentários e observações habituais e tentar ir à procura de algo diverso, no caso uma resposta à questão de saber onde estamos do ponto de vista da base territorial da competitividade (uma expressão feliz que muito deve ao meu companheiro deste espaço).
O resultado que obtive não se me revelou de teor otimista. Em especial porque são ainda 259 os municípios portugueses que exportam menos de 0,5% do total nacional (ou seja, a brutalidade de uns 84,1% dos 308 existentes) e também porque são apenas 29 os municípios portugueses que exportam mais de 1% do total nacional (ou seja, a insignificância de uns 9,4% dos mesmos 308 concelhos). Sendo que se verifica adicionalmente um significativo bloqueamento temporal, já que uma comparação face a 2011 evidencia números muito semelhantes nesse ano: 263 e 29, respetivamente, assim indiciando como única mudança em presença o facto de 4 municípios terem saído do grupo mais baixo da tabela (correspondente a valores de exportação inferiores a 0,5% do total nacional) ― uma mudança pífia, convenhamos! De sublinhar, ainda, que aqueles 29 municípios que mais contam na nossa estrutura exportadora representam 62,2% do total, uma concentração evidente e só escassamente menor do que aquela que se registava há mais de uma década (67,8%).
Aqui fica este primeiro resultado da observação que pude realizar em tempo real dos dados hoje disponibilizados pelo INE, um resultado que confirma o mar de coisas que estão por abordar seriamente em nome de uma valorização do território que tanto enche a boca de tantos e tão pouco é devidamente estimulada por forma a acontecer de facto.
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