terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

MAIS SOBRE A ORIGEM REGIONALIZADA DAS EXPORTAÇÕES

(Elaboração própria a partir de dados recolhidos em https://www.ine.pt)

(Elaboração própria a partir de dados recolhidos em https://www.ine.pt)
 

Poucos dados muito novos nestes elementos que hoje aqui deixo na sequência do tratamento que fiz da informação do INE sobre as exportações portuguesas por origem geográfica regional. Primeiro, a evidência de um peso mais saliente do Norte enquanto território dominante (e, ademais, policêntrico) na estrutura das nossas exportações (37,3% do total em 2022), significativamente à frente do outro grande território exportador nacional (a Área Metropolitana de Lisboa, representando 32,8% do total) ― os dois em conjunto valem mais de 70% do montante exportador por Portugal. Com a nota adicional de um acréscimo de representatividade assumido pela Região Autónoma da Madeira na última década, passando da sétima para a quinta posição no ranking das NUTS II por volume exportador. Ainda assim, quer a Madeira quer o Algarve e os Açores evidenciam bem a fragilidade da sua presença nos mercados internacionais (todas abaixo dos 0,5% do total das exportações), enquanto o Centro ocupa uma posição intermédia (20,9%) e o Alentejo uma posição relativamente negligenciável (7,9%).

 

Em segundo lugar, e a nível das 25 NUTS III, as principais saliências observam-se nas seguintes menções: (i) uma dominância notória das duas áreas metropolitanas (41,5% do total exportado); (ii) uma afirmação da Região de Aveiro enquanto terceiro grande território exportador do País; (iii) afirmações menos relevantes do Alto Minho e da Região de Leiria, ambas subindo dois lugares no ranking em questão por troca com as quedas relativas sofridas pelo Tâmega e Sousa e pela Região de Coimbra; (iv) importância continuada de duas sub-regiões a Norte, o Ave e o Cávado por esta ordem; (v) na cauda da tabela, sete sub-regiões surgem como praticamente não exportadoras (pesos de menos de 1% do total, entre o Alto Alentejo e o lanterna-vermelha Alto Tâmega) e mais cinco como relativamente negligenciáveis (pesos de menos de 2% do total), o que perfaz cerca de metade das 25 NUTS III como revelando uma escassíssima capacidade exportadora.

(Elaboração própria a partir de dados recolhidos em https://www.ine.pt) 

Aproveito para acrescentar a evidência obtida no plano municipal (onde as localizações das sedes das grandes empresas e o peso dos grandes projetos, maxime Lisboa no primeiro caso e a AutoEuropa no segundo, distorcem parcialmente uma avaliação rigorosa das dinâmicas em presença), destacando-se as subidas no ranking por parte da Maia (hoje o quinto concelho mais exportador de Portugal), de Oeiras, de Braga, de Barcelos e de Ovar, além das entradas no top-25 de Viana do Castelo e Trofa; em contraponto, as maiores descidas no posicionamento dos maiores municípios exportadores, situam-se essencialmente no Porto (de 6º para 16º) e em Aveiro, Matosinhos, Seixal, São João Madeira e Figueira da Foz. Mas aqui fica muito por aprofundar no sentido de uma compreensão mais detalhada das causas e dos efeitos.

 

E, assim, não me venham dizer que não há em tudo isto matéria de monta para se trabalhar com seriedade, e em múltiplas direções, em torno da magna questão da base territorial da competitividade.

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