A OCDE tem vindo a desenvolver um trabalho notável em sede de medida da produtividade do trabalho e da sua comparabilidade inter-países, diga-se aliás com incursões metodológicas múltiplas e dignas de uma cuidada avaliação de pertinência e respetivas consequências. Recorro hoje a dois quadros nacionalmente elucidativos na matéria: (i) o primeiro para evidenciar quanto é falaciosa a ideia de que em Portugal se trabalha pouco e menos do que no resto da Europa ou do mundo desenvolvido ― como se pode constatar no gráfico mais acima, o nosso país ocupa o 12º lugar entre 36 membros da referida organização no tocante ao número médio de horas anuais trabalhadas por trabalhador (sendo curiosamente a Alemanha o país com o valor médio mais baixo registado pelo indicador em causa); (ii) o segundo para confirmar quanto Portugal compara mal em termos de produtividade do trabalho com a maioria dos 39 países de que a OCDE disponibiliza informação e considerados no gráfico imediatamente acima (32º lugar, apenas à frente da Hungria e da Grécia no que toca aos congéneres europeus).
Por fim, e para uma perceção evolutiva no tempo, atente-se no gráfico seguinte no sentido de deixar clara a nossa tendencial estagnação no presente século (bem acompanhados pela Espanha e pela desgraça grega, mas visivelmente em perda relativamente a um conjunto de 8 novos Estados-membros da Europa Central e Oriental que, partindo de mais de vinte pontos percentuais inferiores, chegam aos nossos dias com mais de seis pontos percentuais superiores a nós) ― aqui fica a transposição lógica da armadilha do rendimento médio que envolve países europeus como Portugal na impertinência de um stuck in the middle que não parece facilmente contornável, ademais quando escasseia a dimensão das escolhas estratégicas imprescindíveis.
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