quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

TRÊS SÉRIES

O entretenimento cinematográfico tornou-se definitivamente caseiro em predominante escala, mesmo para quem (como eu) aprecia muito as salas e a projeção dedicada e no escuro. O certo é que já ninguém escapa ao chamamento crescente de boas alternativas, maioritariamente aquelas que surgem promovidas pelo streaming. Neste quadro, quero aqui recomendar três minisséries que vi recentemente com agrado.

 

A primeira passou em oito episódios num canal de cinema pago junto das operadoras televisivas: “Gaslit” é uma nova adaptação (por Matt Ross) do grande escândalo político dos anos 70 nos Estados Unidos (Watergate”) e gira em torno de Martha Mitchell, uma socialite do Arkansas que, a dada altura da vida, casa com o procurador-geral de Nixon (John N. Mitchell) mas não deixa de ser a primeira pessoa que secundariza as suas ligações republicanas para denunciar publicamente o envolvimento de Nixon em Watergate, provocando assim mossa importante/decisiva na presidência e no desfazer da sua vida pessoal. As representações de Julia Roberts e Sean Penn (notável a sua caraterização!) nos dois principais papeis são absolutamente brilhantes e as histórias laterais e menos conhecidas são também muito bem contadas.

 

A segunda está na HBO em dez episódios: “Winning Time: The Rise of the Lakers Dynasty” é uma dramatização das vidas profissionais e pessoais ligadas aos “Los Angeles Lakers” dos anos 80 do século passado (sob o subtítulo “Showtime”), tendo por grandes protagonistas a curiosa figura do destemido investidor Jerry Buss (representado por John C. Reilly), os estranhos relacionamentos e movimentações entre treinadores e as duas estrelas da equipa, Magic Johnson (Earvin de seu nome de batismo no Estado de Michigan) e Kareem Abdul-Jabbar (uma personalidade com alguns laivos fascinantes). Muito elucidativo e interessante, sobretudo (mas não só) para quem gosta de procurar entender os bastidores do basquetebol americano.

 

A terceira está na “Netflix” em quatro episódios: “Madoff: o monstro de Wall Street” disseca a chamada “burla do século”, descendo aos bastidores da vida de Bernie Madoff (representado por Richard Dreyfuss) ― um credível gestor financeiro, broker e consultor de investimentosque cai em desgraça após ser enredado numa sucessão de escândalos que fazem emergir o esquema fraudulento por ele perpetrado. A série é documental e funciona quase como um thriller pelo modo surpreendente e bem relatado como vão surgindo os sucessivos testemunhos do crime operado (e, diga-se aliás, já devidamente castigado pela justiça). Igualmente a não perder.

 

Três séries de muitas e variadas que enchem as plataformas e quase obrigam a que imprimamos uma disciplina férrea às nossas vidas para não ceder a tais tentações. Se conseguirem organizar-se e ter algum tempo vago, aconselho, então, que optem por escolher uma das hipóteses que acima indico e que têm ainda a vantagem de todas as séries: funcionarem por episódios e, assim, serem compatíveis com escalonamentos temporais e consequentes usos mais limitados de tempo dedicado.

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