Mário Soares, que muitos (entre os quais eu próprio) consideram o português mais marcante do século XX, nasceu neste dia 7 de dezembro há exatamente 100 anos! Das mais variadas maneiras, o País celebra a sua memória, fazendo jus ao seu inestimável contributo para a nossa Liberdade e Democracia, sem esquecer a visão com que nos definiu um horizonte europeu e de aspiracional progresso. Os nossos dois mais importantes jornais, um diário e outro semanal, marcaram a data com as duas belas capas que acima se reproduzem, uma sublinhando o passado e o legado e outra apontando-o como um obreiro do futuro.
Na Quinta-Feira, no Porto, aconteceu a inauguração de um parque urbano com o nome de Mário Soares (onde estará igualmente um busto ampliado a partir de um original de Lagoa Henriques) e de uma exposição em Serralves (“O Sal da Democracia”) onde ficam patentes as ligações umbilicais de Mário Soares à Cultura e aos seus maiores expoentes nacionais. Ontem, na Assembleia da República, aconteceu uma sessão solene de homenagem em que os deputados dos vários grupos políticos (cada um ao seu mais ou menos feliz modo, com exceção do “Chega” que fez, por André Ventura, um discurso ideologicamente marcado pelo pré-25 de abril e profundamente atentatório da verdade histórica – um verdadeiro escarro!) se pronunciaram a propósito da importância de Mário Soares para Portugal. Hoje, acontecerá na Fundação Gulbenkian uma sessão evocativa do centenário de nascimento de Mário Soares, com a participação de personalidades nacionais e estrangeiras, e o programa de comemorações terminará com um jantar na FIL do Parque das Nações.
(cartoons de João Abel Manta, Rocha, Vasco de Castro, André Carrilho, Henrique Monteiro e Júlio Pomar)
Já aqui me pronunciei noutras oportunidades sobre o que penso do papel patriótico de Mário Soares e o que entendo dever-lhe enquanto cidadão português, pelo que não me repetirei. Quero, todavia, sublinhar algo adicional e que me é particularmente grato: o facto de ser um dos não muitos portugueses que estiveram ao lado de Mário Soares nas suas três candidaturas presidenciais (a primeira especialmente saborosa pela forma como foi feita a remontada que o levou à segunda volta e a uma vitória tangencial sobre Freitas do Amaral e a última polémica e derrotada, como é sabido, com o candidato em manifesta evidência de uma grande tristeza pelo abandono a que foi votado por amigos que tinha por irredutivelmente leais para o que desse e viesse) e o facto de me ter tornado conviva e amigo de Mário Soares nos seus últimos quinze anos de vida. Desses momentos, e da lucidez pessoal e política que o caraterizavam guardarei para sempre algumas das melhores recordações da minha vida cívica.
Concluo: importa lembrar Mário Soares e a sua insuperável passagem pelo meio do coletivo que somos. As grandes referências têm de ser mantidas vivas!
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