Há situações que elucidam claramente a proveniência dos seus autores e, sobretudo, os seus pergaminhos educacionais, cívicos e democráticos. Foi o caso na incompreensível e intolerável operação policial levada a cabo pela PSP no Martim Moniz, com destaque para a sinceridade intrínseca das reações de alguns dos nossos principais responsáveis: a inconsistência democrática do primeiro-ministro ficou por demais patente, ele que assim mostrou privilegiar a defesa da sua imagem à luz de uma disputa de popularidade com o “Chega” em relação à defesa da liberdade e da salvaguarda de direitos humanos básicos; as posições que se ouviram do lado do PS foram justas em defesa de valores democráticos adquiridos no seio de uma sociedade que há cinquenta anos se preza por respeitar tais valores e princípios mínimos de um Estado de direito; o Presidente da República começou por se escudar covardemente na sua visita a Cabo Verde para depois vir quase nesciamente falar na necessidade de “recato” nas ações policiais. Tudo visto e ponderado, assistiu-se por estes dias a mais uma manifestação do Portugal à deriva que aqui temos vindo a denunciar, sendo todavia marcadamente grave que essa deriva já resvale declaradamente, e com uma inadmissível cumplicidade governamental, para as instituições primordialmente encarregadas da segurança e ordem públicas.
sábado, 21 de dezembro de 2024
RUA DO BENFORMOSO
(Henrique Monteiro, http://henricartoon.blogs.sapo.pt)
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