quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

O TÓ BABO DEIXOU-NOS

 


(Junto-me ao meu colega de blogue para registar eu também o doloroso desaparecimento de um companheiro de muitos trabalhos, ainda perturbado pela celeridade do seu desaparecimento, já que o número de dias que passaram entre ter tomado conhecimento da sua doença e a notícia da sua morte foi tão pequeno que não deu sequer para digerir tão infausta confirmação. O António, pela sua postura, combatividade e energia era daquelas pessoas a quem não associávamos a doença ou a hipótese da mesma. Esse estoicismo e combatividade acompanharam-no nos seus últimos dias pelo que me transmitiram os seus familiares mais próximos. No meu caso pessoal, resta-me uma saudade imensa de trabalhos comuns. O que posso deixar como testemunho vivido é essencialmente a expressão de uma das suas características mais marcantes como planeador e a lista de trabalhos referidos pelo meu colega de blogue é suficientemente explícita e abrangente da sua atividade. Mas o que me atraía especialmente na cumplicidade de alguns trabalhos era sobretudo a sua capacidade enorme de combinar duas dimensões no seu trabalho de planeamento: a sua rebeldia em aceitar o simplesmente estabelecido nas agendas políticas das principais entidades responsáveis por infraestruturas, particularmente as de mobilidade, e a sua especial atenção ao que eu costumo designar de margens de transformação possível das situações sobre as quais se propõe uma estratégia de mudança. As propostas de mudança eram, regra geral, ambiciosas, mas uma estratégia de transição era sempre proposta. Essa transição era sempre baseada em intervenções possíveis que faziam sempre a ponte entre a mudança inicial do que estava implantado e a generosidade da transformação desejada. Esta característica é exclusiva dos planeadores de excelência e em muitos trabalhos pude confirmar a sua existência real. O seu desaparecimento deixa um vazio muito difícil de preencher.)

Até sempre António.

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