Após a apresentação lisboeta, que contou com Jaime Gama, Ana Gomes e Bárbara Reis vieram ao Porto para divulgar o seu livro a duas mãos “Diplomacia Todo-o-Terreno – Jacarta 1999, o Processo de Timor-Leste”. Trata-se de um conjunto de conversas, ascendendo a um total de 34 horas e depois transcritas e editadas (com cortes de mais de dois terços), sobre a passagem de Ana Gomes pela Indonésia desde que lá chegou em 1999 e até ao final daquele ano – a diplomata ficaria por lá como embaixadora até 2003 –, focando-se num período que ficou marcado por um processo complexo de aproveitamento de uma oportunidade única para se alcançar a independência do país e de que existem pormenores historicamente determinantes e às vezes deliciosos que o livro aborda a partir do lugar de protagonista e observadora privilegiada que Ana Gomes ocupava. Falou-se da queda de Suharto em 1998, do papel do presidente indonésio que lhe sucedeu (Jusuf Habibie) e do grande diplomata Ali Alatas (cujo papel, assaz mal entendido, ficou bem mais esclarecido ao ouvirmos Ana Gomes), como também do papel de Xanana Gusmão, à época preso, e da resistência na montanha e das conivências que grassavam no seio das forças locais indonésias, dos relacionamentos cruzados facilitadores do avanço dos acontecimentos (como, por exemplo, entre Eurico Guterres e Xanana) ou dos seus primeiros encontros com Ramos Horta e Mário Alkatiri; sem esquecer o lado de Lisboa, com Sampaio, Guterres, Gama e a invulgar mobilização do povo português a merecerem especial destaque. Um livro importante, que acabou reduzido ao ano-chave de 1999 e de que devemos naturalmente esperar complementos significativos provenientes dos anos subsequentes. E talvez mesmo algumas reflexões abertas sobre o que têm sido, para o melhor e para o pior, estes anos de independência efetiva de Timor-Leste.
domingo, 15 de dezembro de 2024
UM TESTEMUNHO HISTÓRICO
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