segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

MELO, O OLIVENTINO

(Luís Afonso, “Bartoon”, https://www.publico.pt) 

Andam por aí uns maduros inofensivamente entretidos a defender a causa de a cidade de Olivença ser terra portuguesa. E até parece existir algum fundamento histórico na luta assim abraçada, já que Olivença foi efetivamente ocupada pela Espanha no início do século XIX e não foi depois devolvida conforme acordado entre os dois países na Convenção de Viena de 1815. O problema é que já lá vão mais de dois séculos e variados regimes e governos portugueses a não terem reclamado esse direito, o que quase tornou o assunto uma espécie de “conversa acabada” só retomável à luz de perspetivas ultrapassadas e de prioridades destituídas de sentido prático e até patriótico (duvido, nomeadamente, que os habitantes de Olivença tenham maioritário desejo de integrarem a nacionalidade portuguesa, tendo até o seu alcalde colocado adequadamente os pontos nos ii nessa matéria). Porque o pior de tudo é a miséria que grassa na Defesa Nacional, com o ministro responsável a validar a chamada de Olivença ao centro das atenções e ontem a fugir como um rato dos manifestantes pela causa – um governante capaz teria certamente tratado a questão com a inteligência e elegância bastantes para se lhe referir em moldes integradores, especialmente linguísticos, e fazer dele um aproveitamento político sensato em nome de uma dinâmica de modernidade ajustada ao século XXI...

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