(Martin Rowson, http://www.guardian.co.uk)
Aconteceu na última semana a primeira Cimeira Europeia que contou com a participação de Mrs. May, a primeira-ministra que sucedeu a Cameron no comando do governo britânico. A dita vinha de uma forçada enchidela de peito junto dos seus correligionários conservadores, feita de promessas solenes no sentido de que iria ser dura e implacável na negociação do “Brexit”.
Mas afinal de que falamos quando falamos da escolha entre diferentes graus possíveis de “Brexit”? O nosso já bem conhecido André Sapir (Bruegel) veio há dias “tentar preencher este gap” de precisão através do útil quadro abaixo, onde se explicitam o conteúdo e as implicações das opções alternativas que têm vindo a ser sustentadas acerca do alcance das futuras relações entre a União Europeia (UE) e o Reino Unido.
Registe-se que as opções vislumbradas são seis e que as mesmas surgem postas em comparação – a partir de dez itens: acesso ao mercado interno europeu, respeito pela livre mobilidade do trabalho, respeito pelas regras do mercado único (concorrência, trabalho, ambiente, etc.), possibilidade de intervenção na definição das regras europeias, sujeição ao Tribunal Europeu de Justiça quanto às regras do mercado único, acesso livre de direitos à UE para as mercadorias, acesso ao mercado europeu para os serviços, participação na política comercial externa da UE, participação na política agrícola e de pescas da UE, contribuição para o orçamento comunitário – com uma primeira coluna correspondendo à participação plena na UE (i.e., ausência de “Brexit”). Por ordem crescente de dureza: (i) EFTA EEA – uma versão soft que assimilaria a situação britânica à dos três países da EFTA que pertencem à EEA (Islândia, Liechtenstein e Noruega); (ii) EFTA Suíça – também uma versão soft, esta fazendo a situação britânica equivaler à da Suíça (país membro da EFTA mas não da EEA); (iii) Parceria Continental – uma versão híbrida (nem soft nem hard) assente numa proposta de um grupo de investigadores (entre os quais Jean Pisani-Ferry, Guntram Wolff e o próprio André Sapir) para um diferenciado mas estreito relacionamento entre a União Europeia e o Reino Unido (aliás extensível a outros países europeus, nomeadamente os membros da EFTA, a Turquia e a Ucrânia); (iv) União Aduaneira – uma versão hard, à semelhança da existente com a Turquia; (v) Acordo de Comércio Livre – outra versão hard, inspirada na sofisticada zona de comércio livre que decorreria de um avanço do atualmente contestado CETA negociado com o Canadá; (vi) Regras da OMC – a versão mais hard de entre as hipóteses de um hard Brexit, correspondendo à inexistência de qualquer acordo preferencial entre a UE e o Reino Unido, assim se traduzindo numa reciprocidade de acesso aos respetivos mercados puramente assente nos termos definidos a nível da OMC.
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