(A questão do
BREXIT tem andado um pouco arredada deste blogue, talvez pela não confirmação do catastrofismo
económico que alimentou a defesa do REMAIN, mas a coisa está longe de estar
totalmente antecipada)
Talvez animados pela não confirmação dos dados mais catastrofistas
sobre as consequências da saída, Theresa May e os ingleses em geral têm andado entretidos
em como fazer a cama às autoridades comunitárias, procurando impor regras de
discussão e fixando os timings da negociação futura.
Mas os ingleses que se preparem, pois embora o
catastrofismo económico tenha sido um erro de cálculo político dos defensores
do REMAIN, os custos envolvidos na negociação para a saída vão começar a
revelar-se e agora sem estratégia eleitoral a iludi-los.
O Free Exchange do Economist escrevia esta semana que os
britânicos vão ficar mais pobres e desafortunados com a confirmação do BREXIT (link aqui).
E o Financial Times tem vindo a apurar cálculos e lançava para a discussão uma
conta de 20 mil milhões de euros envolvidos na negociação do divórcio (ver link aqui). Não só pelos montantes envolvidos no divórcio, mas sobretudo pela
complexidade das responsabilidades e direitos que é necessário desbravar na
negociação, estaremos perante uma das grandes negociações da história.
Mas talvez o dado mais interessante seja a queda abrupta
da libra. Dirão alguns que os ingleses conseguiram algo de espantoso, agitar a
economia europeia e beneficiar com isso através da desvalorização da sua moeda.
O tema está a intrigar economistas e Krugman já mobilizou trabalho seu dos anos
80 (link aqui) para tentar explicar o observado. Começa a reinar entre os mercados a ideia
de que os agentes económicos estão no Reino Unido a antecipar as dificuldades
que o divórcio com a União Europeia acabará por determinar em termos de exportação
de fluxos de bens e serviços e, por isso, têm animado a perda de valor da
libra. O que traz à concentração financeira de Londres um grande problema e não
terá sido por acaso que a região londrina votou decisivamente contra o BREXIT,
pois assim em queda a libra tenderá a ser tudo menos moeda de refúgio.
A ironia da história é que o pós-BREXIT, embora noutros moldes, arrisca-se a dar razão ao argumentário económico do REMAIN
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