(Se há partido que tem o condão de me irritar e causar alergia
das fortes é o CDS-PP. A moção de censura ao Governo é mais o produto de desespero puro e simples
do que propriamente o resultado de uma grande jogada política, pois Cristas enquanto
pressuposta player de grande alcance não
passa dos primeiros capítulos de manuais baratos e indiscriminados.)
Desde os tempos em que o
patine antes do tempo de Paulo Portas se pavoneava pelos nossos diversos cantos
políticos até aos tempos de caçador furtivo que atira a tudo quanto mexe, o
CDS-PP tem-se confinado no reduzido universo das suas limitações. O partido
rejuvenesceu de aparência, mas os seus jovenzinhos e jovenzinhas têm tanto
conservadorismo nas suas cabeças que a força e energia da sua juventude se
perdem algures no bafio das suas ideias. Por isso, hoje, o pensamento de uma
figura como Adriano Moreira é um outlier que não tem nada que ver com o ideário
pelo qual o CDS-PP se pretende afirmar. Ao pé destes aprendizes a democracia-cristã
de outros tempos fica envergonhada e acomoda-se para uma longa travessia no
deserto.
Sob o comando de Cristas,
o CDS-PP tem vivido de falsas esperanças de crescimento, eternamente adiadas. Passaria
pela cabeça de Cristas um modelo tipo CIUDADANOS em Espanha, mas nem tem unhas e
personalidades como Arrimadas para isso, nem o país sociológico está muito
adestrado para modernismos de direita.
Com o PSD em profunda evolução
para uma linha política mais estável, que as próximas eleições dirão se é ou não
viável sob o comando de Rio, o aparecimento da Aliança de Santana Lopes, mesmo
sendo difícil captar para já o seu valor eleitoral, veio de certo modo perturbar
as intenções de Cristas de poder capitalizar as desavenças internas no PSD. A
direita começa a fragmentar-se e é por isso legítimo que as pessoas questionem
o que é que o CDS tem efetivamente para oferecer, já que alguns dos seus principais
figurões optaram por se manter nos negócios e dar simplesmente uma perninha de
vez em quando, para não parecer mal, como é o caso paradigmático de António
Lobo Xavier.
Nos últimos tempos da
geringonça das esquerdas como Cristas gosta de lhe chamar, o CDS especializou-se
em alvos aleatórios. Sem certezas quanto a uma linha de rumo, atira a tudo que mexe,
procurando encontrar nessa sucessão aleatória de alvos e temas a linha de rumo
que lhe escapa. Ao contrário do que muitos pensarão, Cristas e o CDS-PP compreenderam
pior e mais tarde os compromissos da geringonça. Por isso, à falta de melhor luta
para se manter à tona e tudo lhe serve. Simplesmente, à medida que se sucedem
os alvos aleatórios fica cada vez mais difícil a um eleitor minimamente
interessado perceber ao que o CDS-PP vem e sobretudo perceber o que tem o partido
a oferecer.
Eu sei que talvez passe
pela cabeça de Cristas um fogacho com origem em Espanha, pensando ela que uma
coisa do tipo “PP + CIUDADANOS +VOX” possa emergir em Portugal, com contornos
diferentes é óbvio, mas permitindo devolver a António Costa o que ele conseguiu
face à maioria da TROIKA. Ou seja, fazer com que Costa pudesse ganhar as eleições
mas perder uma maioria para governar. Ora, nem há corpo à direita em Portugal
para protagonizar esse acordo parlamentar. E, mais importante do que isso, em Espanha
não há nem um PCP nem um Bloco de Esquerda. O PCP não tem elemento de comparação.
Quanto ao Bloco de Esquerda até parece um partido estruturado quando o cotejamos
com o PODEMOS de Pablo Iglésias, mesmo tendo em conta as recentes saídas de radicais
políticos para os quais os temas da governação são uma grande chatice.
Por isso, a moção de
censura é uma moção de desespero de um partido necessitado de um Viagra político
para superar o seu confinamento. Talvez uma dança da chuva, protagonizada por
Cristas, de saiote apelativo e peninhas com glamour,
possa minimizar a situação.
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