Registo em manchetes de alguns momentos recentes da atualidade portuguesa. Acima, à esquerda, o registo de uma figura parlamentar que o CDS quis incompreensivelmente desvirtuar — a moção de censura ontem derrotada terá provavelmente sido um dos momentos mais patéticos que a Assembleia da República viveu nos últimos anos, com as agravantes daquela sucessão de intervenções inconsequentes por parte dos deputados centristas, daquela manifesta procura da bancada do PSD de ir disfarçando a sua incomodidade e daquela unidade à esquerda ingloriamente arrancada ao jeito de um tiro no pé para português ver. Ao lado, a apresentação do relatório da OCDE sobre Portugal —já foi tempo em que esta Instituição produzia recomendações independentes! — e as explicações do seu secretário-geral a um primeiro-ministro manifestamente à espera que este o libertasse da atenção que lhe era requerida em relação às atoardas politiqueiras do trabalho de Álvaro Santos Pereira (um “guião de críticas à medida da oposição”, segundo a definição do “Jornal de Negócios”). Imediatamente abaixo, a insistência de uma responsável da Comissão Europeia na ideia de que ainda estamos largamente dominados por uma “criação de empregos em setores de baixa produtividade”, um dos flagelos estruturais que mais nos inviabilizam o crescimento e a mudança. Ao lado, também em baixo, Gabriela Canavilhas a chamar a atenção para a coluna vertebral de tantos ex-socráticos que agora se apresentam a fingir descaradamente que nem o conhecem ou, acrescento eu, que não foram parte integrante e colaborante das suas opções e do seu modelo de ação política. No todo, elementos estes e tantos mais concorrendo para a frustrante perceção de que isto não vai mal nem bem, antes pelo contrário...
Sem comentários:
Enviar um comentário