sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

SEQUEIRA, O PEDAGOGO INTÉRPRETE



(Dia triste para a música e melómanos deste país. Sequeira Costa, professor e pianista, morreu nos EUA, longe de Portugal, mas sempre presente entre os que beneficiaram do seu conhecimento, experiência e sensibilidade. Chego à notícia através de um dos seus discípulos de eleição, Artur Pizarro, que na sua página do Facebook nos convida a “Lembrar Sequeira Costa como ele gostaria... com charme, ao piano”.)

A nossa pequena dimensão, interpretação benigna, ou talvez a nossa incapacidade de acolher e reter quem entre nós faz verdadeiramente a diferença, interpretação porventura mais realista, explicam que alguns talentos, sobretudo na música, morram fora do país.

Não tenho nem cultura nem formação musical suficientes para compreender em toda a sua profundidade o papel que Sequeira Costa desempenhou no panorama pianístico nacional. Mas tenho ainda memória para recordar algumas entrevistas na rádio pública e dois espetáculos, creio que na Gulbenkian, momentos suficientes para intuir que estávamos perante um portento de sensibilidade, de sobriedade, com uma profunda afeição à obra de Beethoven. Recordo a sua presença no palco simultaneamente firme e frágil e através de alguns registos e testemunhos de um dos seus principais discípulos, o pianista Artur Pizarro, comecei a perceber estar perante um dos mais representativos pedagogos-intérpretes do nosso tempo.

Acompanhando a sugestão de Artur Pizarro (link aqui), procurei na minha desarrumada e ampla discoteca caseira um disco de Sequeira Costa para o relembrar. Não tendo conseguido nesta desarrumação encontrar Sequeira tocando Beethoven, fiquei-me pelo Piano Concerto in A Minor Op.54 de Schumann, com a orquestra Gulbenkian, um disco já velhinho de 1984.

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