(Dia triste para a música e melómanos deste país. Sequeira
Costa, professor e pianista, morreu nos EUA, longe de Portugal, mas sempre presente
entre os que beneficiaram do seu conhecimento, experiência e sensibilidade. Chego à notícia através de um dos seus discípulos
de eleição, Artur Pizarro, que na sua página do Facebook nos convida a “Lembrar
Sequeira Costa como ele gostaria... com charme, ao piano”.)
A nossa pequena dimensão,
interpretação benigna, ou talvez a nossa incapacidade de acolher e reter quem
entre nós faz verdadeiramente a diferença, interpretação porventura mais
realista, explicam que alguns talentos, sobretudo na música, morram fora do país.
Não tenho nem cultura
nem formação musical suficientes para compreender em toda a sua profundidade o
papel que Sequeira Costa desempenhou no panorama pianístico nacional. Mas tenho
ainda memória para recordar algumas entrevistas na rádio pública e dois espetáculos,
creio que na Gulbenkian, momentos suficientes para intuir que estávamos perante
um portento de sensibilidade, de sobriedade, com uma profunda afeição à obra de
Beethoven. Recordo a sua presença no palco simultaneamente firme e frágil e
através de alguns registos e testemunhos de um dos seus principais discípulos,
o pianista Artur Pizarro, comecei a perceber estar perante um dos mais representativos
pedagogos-intérpretes do nosso tempo.
Acompanhando a sugestão
de Artur Pizarro (link aqui), procurei na minha desarrumada e ampla discoteca caseira um
disco de Sequeira Costa para o relembrar. Não tendo conseguido nesta desarrumação
encontrar Sequeira tocando Beethoven, fiquei-me pelo Piano Concerto in A Minor
Op.54 de Schumann, com a orquestra Gulbenkian, um disco já velhinho de 1984.
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