terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

OS PASTORES PERANTE O REBANHO

(Agustin Sciammarella, http://elpais.com)

O Papa Francisco deve estar a atravessar um período muitíssimo difícil. Por um lado, porque a sua fé e as suas convicções éticas de fundo lhe impõem seguramente repelência e sofrimento perante a enormidade dos atos de abuso sexual que se vão tornando conhecidos como tendo sido impulsionados e protagonizados por responsáveis da Igreja aos mais diversos níveis. Por outro lado, porque Francisco bem pode ir prometendo justiça e luta total que a corte que o rodeia (ou cerca?) não está disponível para muito mais do que umas proclamações de arrependimento gratuito e umas repreensões registadas sem grandes consequências. Por isso, entendo que Francisco se terá já conformado com uma postura de mera resistência face a toda essa avalanche palaciana; por isso, vaticino que ele venha talvez a acabar por ficar na história da Igreja como um dos grandes arautos da sua modernização e transformação; por isso, não creio que ele tenha condições para ir mais além, muito menos para propor, encabeçar e encetar o movimento amplamente reformador de que ela carece.

(Jean Plantu, http://lemonde.fr)

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