(Pela manhã bem cedo, mas que vida esta, com o Alfa cada
vez mais instável mas com o wifi a
funcionar desta vez menos mal, o Financial Times Brussels Briefing traz-me uma
notícia de algo que aconteceu após o encerramento dos mercados bolsistas. O governo holandês, não satisfeito com os rumos
que a AIR FRANCE- KLM está a tomar, anuncia que comprará em mercado as ações
que forem necessárias para ganhar paridade e igualdade de influência com os
franceses na gestão da companhia.)
Eis um sinal evidente dos tempos que vivemos. Quem diria que um governo
como o holandês chefiado por Mark Rutte se apressava a tomar posição e
influência sobre uma companhia que parece viver mal o casamento de conveniência
ou fusão, como entenderem, que a AIR FRANCE e a KLM protagonizaram já há algum
tempo? Não vou discutir os termos concretos em a gestão da companhia tem
evoluído, mas não custa admitir que os franceses estejam dispostos a seguir uma
máxima do tipo Macron c’est moi e tivessem nos últimos tempos
puxado a brasa à sua sardinha. Convém não ignorar que há também aqui uma
questão de aeroportos e os holandeses não estejam dispostos a deixar o
aeroporto de Schiphol Amesterdão desprotegido. E os instintos protecionistas
dos franceses não se apagam por magia.
Por esta hora, haverá por aí muito liberal mais ou menos convicto com azia
matinal, incomodado com as partidas que a maldita realidade prega à pureza das
ideias.
Mas esta é também uma imagem da verdadeira Europa, com os interesses
nacionais a mostrarem a sua força, à direita e à esquerda. Os distraídos que se
cuidem, pois qualquer percalço pode ser a morte do artista.
Projetando a moral da história para os limites apertados da nossa
realidade, até estarei disposto a rever a minha conhecida posição de me não
entusiasmar por ai além com a velha ideia de uma companhia de bandeira e com o
que isso custa. O problema é que, com todas as peripécias e evoluções que a TAP
atravessou nos últimos tempos, a situação já não é nem carne nem peixe. E os
aeroportos foram nacionalizados para complicar a situação, aos franceses
precisamente. O que significa que muito provavelmente estaremos sem poder de
tiro quando ele seria mais necessário. A onda de privatizações que a TROIKA e o
PAF nos impingiram veio no pior momento possível, ou seja em pleno
recrudescimento dos interesses nacionais, que por cá correm o risco de não
serem mais do que interessesinhos.
Parece que estamos condenados a viver em contraciclo com a história. Mas o
tempo está ameno, os TUK TUK circulam cada vez mais, as esplanadas preenchem-se
de gente e o endividamento para consumo ou para necessidades continua apesar
dos alertas do cada vez mais isolado governador …
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