Percebo e obviamente respeito a sua necessidade, mas confesso que não sou particularmente apreciador dessa técnica de comunicação política que são as mensagens de Natal ou de Ano Novo, agora já não apenas circunscritas às oficiais e tradicionais mas acrescentadas de réplicas (que o Presidente já vem fazendo há alguns anos e o Primeiro-Ministro decidiu inaugurar este ano) em jornais de mais larga audiência, como o “Jornal de Notícias”.
No caso de António Costa, e assinando um texto que intitula de “Uma década decisiva”, a sua mensagem deste último tipo retomou naturalmente as grandes prioridades do Programa do Partido Socialista e, depois, do Governo. E quem poderá, em boa verdade, discordar que atenções especiais sejam concedidas às desigualdades (com sinais mais visíveis na violência de género e nas assimetrias regionais), ao ambiente, à demografia e à transição digital?
Mas, e isto dito, convenhamos também que o mais complicado acabará por estar inscrito naquela velha asserção de o Diabo tender a esconder-se nos detalhes – sendo que, pessoalmente, bem gostava de ver esses tais detalhes mais discutidos para além de toda a sua aparente simplicidade e evidência, ou seja, melhor e mais conscientemente consensualizados na sociedade portuguesa.
Para além de que existe ainda a importantíssima questão de se avaliar como se podem concatenar, na coerência geral do proposto, os prazos associados às diferentes mensagens, i.e., as conjunturas de tempo curto (na palavra de António Costa deste ano, as falhas por resolver no SNS) com as estruturas de tempo mais médio e longo (as quatro desafiantes prioridades para o Portugal da próxima década).
Todo um conjunto de matérias a merecerem o devido foco por parte de quem pensa a realidade nacional e nela pretende intervir de modo efetivamente sólido e transformador. Voltarei à questão.
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