quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

DUAS REFLEXÕES BARATAS

 

A propósito da discussão do Orçamento de Estado, talvez o processo mais longo e escrutinado da nossa democracia parlamentar, chego às vezes a pensar que nem tudo são rosas e que a tão discutida matéria da desejabilidade ou não de maiorias absolutas encontra aqui toda uma expressão própria. Com efeito, e se por uma banda se pode sempre declarar que “enquanto houver caminho para andar, há orçamento para melhorar”, por outra banda pode-se sempre duvidar de que a essência da estratégia que possa estar subjacente ao documento em apreciação não resulte ferida pela quantidade de pequenas barganhas tornadas imperiosas para a sua aprovação. Fica a dúvida, apenas metódica!


Nesse mesmo quadro, e em linha com o que aqui se afirmou noutro plano (post de 13 do corrente sobre o Bloco de Esquerda), sempre importará distinguir as negociações tornadas necessárias (designadamente pelo peso parlamentar dos oponentes, caso do Bloco ou do PCP) das negociações cumpridoras de calendário democrático junto de pequenos partidos sem relevância parlamentar (caso do Livre) ou de partidos um pouco mais representativos mas cujo ideário e lógica se revelam altamente desfocados em relação ao que está em jogo no País (caso do PAN e o que quer que algumas franjas de eleitores vão dizendo). Pode ser que seja problema meu, mas levo a sério com alguma dificuldade as “conquistas” dessas forças políticas junto de António Costa, a quem só pode louvar-se o paciente e incontestável profissionalismo político que exibe quando se presta e atira a esse exercício.

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