terça-feira, 21 de janeiro de 2020

ESTAVA ESCRITO NAS ESTRELAS...


A opinião pública internacional foi informada, ao fim da tarde de ontem, de algo que não passava, afinal, de um dos segredos mais mal guardados do mundo. Mérito de uma investigação coordenada pelo consórcio ICIJ (Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação), com participação de mais 34 órgãos de comunicação social de todo o mundo, a que foi dada o nome de “Luanda Leaks”. Dela sobressai a revelação de que a filha do antigo Presidente de Angola terá feito chegar pelo menos 115 milhões de dólares dos cofres da Sonangol (a petrolífera que é a maior empresa angolana e para cujo comando fora nomeada pelo pai) a uma sociedade do Dubai controlada por pessoas próximas (quase todas elas portuguesas). Os detalhes estão por aí em tudo quanto são sítios informativos e apresentados em quase tudo quanto são línguas e formatos, pelo que deles aqui me dispenso, sem prejuízo de recorrer a uma brevíssima síntese histórica do “El Confidencial” para deixar claro quanto poderemos estar perante uma simples ponta de um enorme iceberg que foi sendo alimentado por uma apropriação privada da riqueza do País ao longo da prolongada presidência (38 anos) de José Eduardo dos Santos – uma espécie de “acumulação primitiva” que, agora acredito, ainda vai poder ser largamente esmiuçada, embora seja desde já óbvio referenciá-la como um saque meticulosamente organizado por uma “cleptocrata” que esteve longe de ser tipo único (aliás próximo do que aconteceu em muitos países africanos ou do Leste europeu, p.e.). Curioso, ainda, como em poucas horas tantos saíram a terreiro para apontarem o dedo a Isabel José e dela se distanciarem, a começar pelos senhores de Davos que iam receber a “mulher mais rica de África” com a maior pompa e cinicamente foram os primeiros a fechar-lhe a porta. E mais não digo por motivos de um certo pudor nacionalista que me tolhe a escrita.

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