Nunca é demais que os nossos próximos mais incrédulos ou entorpecidos, assim como os encandecidos pelas luzes, sejam municiados de informação sobre os efeitos que vão sendo revelados na decorrência do período pandémico em que vivemos. O INE trouxe-nos há dias apenas mais uma repetitiva mas inapelável evidência: não só a economia portuguesa afundou 16,3% no segundo trimestre (com a comparação face ao trimestre homólogo de 2019 a ser a mais desfavorável desde o início de 2013 e constitutiva do quarto pior desempenho europeu) – cumulativamente, o INE confirmou também a nossa entrada em recessão técnica (dois trimestres consecutivos de recuo do PIB, respetivamente 2,3% no primeiro e 13,9% no segundo) – como também essa quebra contribuiu para interromper um ciclo de convergência com a Zona Euro que durava há mais de quatro anos (com o diferencial desfavorável de variação do PIB nacional, calculado em 1,3 pontos percentuais em relação à Zona Euro e em 2,2 pontos percentuais em relação à União Europeia, a ser o mais negativo dos últimos sete anos). Nada disto é muito novo ou inesperado para quem vai seguindo de perto as tendências da economia nacional (assim como da europeia e da mundial) e delas retirando sinais visíveis de um afundamento que ainda está longe de se ter afirmado em todo o seu potencial negativo; mas o cidadão mais incauto e desligado, assim como o agente político mais vocacionado para a protagonização de grandes números, precisam mesmo de alertas deste e outro tipo para alcançarem e assimilarem a dimensão do problema que temos pela frente. E, no caso dos mais responsáveis, para prepararem e fazerem o que realmente tem de ser feito no curto e no médio prazo e sempre com os olhos em caminhos para um futuro decente...
terça-feira, 25 de agosto de 2020
AFUNDAMENTO E DIVERGÊNCIA
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